quinta-feira, 4 de outubro de 2012

MARIA DO ROSÁRIO SALLES - (14)








  

RADIALISTA E ATRIZ
 




A PRIMEIRA MAMÃE DOLORES 

 
Maria do Rosário Salles, ou simplesmente Yara Salles, e conhecida pelo nome artístico de Yara Maria de Oliveira Salles nasceu em Tietê-SP, aos 27 de julho de 1912, um sábado do inverno brasileiro.  Era filha de José Rodrigues de Salles, conhecido como "Juca Ourives" e de Júlia Maria de Almeida Salles. Seu pai era descendente de uma família de músicos. Yara era uma aluna aplicada nos estudos, entretanto, aos 14 anos, interrompe-os em razão do falecimento de seu pai. A partir de então, consegue emprego na fábrica de tecidos Santa Luzia.  Era o começo das transformações em sua vida. Em 1934, na cidade de Santa Cruz do Rio Pardo-SP, casa-se com Binot da Cunha, advindo dessa união, seu filho Vitor Binot. Nessa mesma época já se iniciara no rádio, sobressaindo-se como uma excelente radialista, tendo em 1939 sido contratada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e participado da primeira novela radiofônica "Em busca da felicidade". Na áurea época da Rádio Nacional do Rio de Janeiro em 1942, juntamente com o compositor Lamartine Babo e Héber de Bôscoli,  formavam o famoso “Trio de Osso”, sendo seus componentes magérrimos, em alusão e caricatura ao conjunto “Trio de Ouro” composto por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo Chagas. “Trio de Osso” apresentava o programa humorístico “Trem da Alegria”, muito divertido e um dos mais famosos do rádio brasileiro, tendo revelado nesse programa a cantora Beth Carvalho, então com sete anos. 

Em 17 de agosto de 1947, casa-se com o também radialista Heber de Boscoli, de quem ficaria viúva em 1955. Também apresentou o programa “A felicidade bate à sua porta”, de grande sucesso e que consistia em sortear casa de determinado subúrbio. Enquanto Yara Salles dirigia parte do programa diretamente do auditório, Heber de Bôscoli com sua equipe externa verificava quantos produtos da União Fabril Exportadora existiam na residência escolhida. Ao final da escolha apresentava-se a cantora Emilinha Borba para cantar suas músicas de maiores sucessos, como “Assim se passaram dez anos”, “Escandalosa” e “Chiquita Bacana”. Em 1948, iniciou sua breve carreira no cinema com o filme “Pra Lá de Boa” ao lado de Lamartine Babo, sendo sua única participação. Mas, a sua paixão estava voltada para o rádio e o humorismo era sua grande alegria e prazer.

Em 1951, participou daquele que foi considerado o maior sucesso em radionovelas da América Latina, interpretando a personagem Mamãe Dolores em “O Direito de Nascer”, levada ao ar pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Recusou vários convites para trabalhar na televisão como razão única para não deixar o rádio, sua vida. Entretanto, em 1963, convidada que foi, participou pela Rede Globo das novelas “Nuvem de Fogo”, seguida depois em 1979 da novela “Cabocla”, onde interpretou a personagem de Dona Generosa, e,  na novela “Coração Alado” em 1980, vivendo a personagem de Dalva Pitanga, ao lado de Perry Salles e de Vera Fischer. Ainda entre 1963 e 1967, é designada a trabalhar na Embaixada do Brasil em Tóquio, ocasião em que apresenta e monta várias peças teatrais. Em 1983, na novela “Eu Prometo”, interpretando a personagem Nilzete. Perry Salles era seu filho adotivo, o qual foi casado com a atriz Mirian Mehler e depois com Vera Fischer. Yara Salles foi vitimada por um infarto, falecendo na cidade de Bananal-SP aos 23 de junho de 1988, uma quinta feira da primeira semana do inverno brasileiro. Requiescat in pace, Maravilhosa Atriz.
 
 
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
 


         

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

CÉLIA BENELLI CAMPELLO - (13)






   CANTORA E ATRIZ.




A PAULISTANA DE CORAÇÃO TAUBATEANO


Célia Benelli Campello nasceu em São Paulo aos 18 de junho de 1942, sendo filha de Nelson Freire Campello e de Idea Benelli Campello. Era a caçula daquela família muito unida e feliz e ao lado de seus irmãos Nelson e Sérgio (Tony Campello), este, seu eterno,  afetuoso e dedicado companheiro na carreira artística.

Viveu toda sua infância em Taubaté, interior paulista, onde sua família encontrava-se radicada. Sua inclinação aos pendores artísticos era notória, quando, aos cinco anos durante uma apresentação infantil na escola, interpretou dançando, a canção “Tico-Tico no Fubá”. Naquele momento mágico de sua vida e ainda inocente, surgia a grande estrela predestinada e fadada ao sucesso, e que encantaria gerações. Aos seis anos apresentava-se na Rádio Cacique de Taubaté, onde, mais tarde, aos doze anos já comandava seu próprio programa de rádio na mesma emissora. 

Na Rádio Difusora de Taubaté era presença obrigatória no inesquecível Clube do Guri, comandado pelo querido e saudoso Silva Neto. Quanta saudade! Cognominada “Brotinho de Taubaté”, Celly compartilhava a vida escolar com aulas de piano, violão e balé clássico com uma dedicação e aplicação digna de elogios. Em 08 de novembro de 1956, demonstrando toda sua performance em balé clássico e numa noite de gala, se apresentaria no Teatro Metrópole de Taubaté, diante da Orquestra Sinfônica de Taubaté sob a direção do maestro Yves Rudner Schimidt, cuja finalidade era compor o espetáculo de ballet dirigido pela bailarina Myrian Hisrt.

Era o seguimento de uma caminhada brilhante que seria coroada de pleno êxito e de enorme sucesso, quando, em 1958 gravara seu primeiro disco aos quinze anos de idade. Era o primeiro disco em 78 rotações de seu irmão Tony Campello (Sérgio Benelli Campello) e gravado na segunda faixa com o nome Handsome Boy (Belo rapaz). Tony, como carinhosamente é chamado foi seu grande incentivador e produtor, o verdadeiro irmão que jamais a abandonou, acompanhando-a em todos os momentos de suas carreiras como cantora e atriz, atuando como seu empresário e em outras diversas situações, sempre que requisitado. 

Na televisão, estreou no programa “Campeões do Disco” pela TV Tupi em 1958. Seu grande momento artístico e ápice da glória ocorreriam em 1959, quando da interpretação maravilhosa da versão brasileira Stupid Cupid, lançada no Programa de Abelardo Barbosa, nosso sempre saudoso Chacrinha, e que em nosso país ficou conhecida como Estúpido Cupido.

Paralelamente, nesse mesmo ano participou do filme em longa metragem de Amácio Mazzaropi, denominado “Jeca Tatu”. Também, nesse mesmo ano, estrearia pela Rede Record seu próprio programa e ao lado de seu irmão, denominado “Celly e Tony em Hi-Fi”, o qual teve a duração de dois anos.

Outra canção que marcou sua carreira foi “Banho de Lua”, lançada pelo selo Odeon em 1960 e que alcançou um sucesso sem precedentes. Aliás, esse foi o ano em que atingiu o máximo em popularidade, sendo aclamada “A Namoradinha do Brasil”. E essa popularidade culminaria com elogios do maestro e compositor Tom Jobin, com os lançamentos da boneca Celly lançada pela Trol e do delicioso chocolate Cupido pela Lacta, bem como, gravado jingles para a Fábrica de Bicicletas Monarc e a Fábrica da Toddy. 

Celly foi figura maiúscula na música brasileira, sendo considerada a precursora do rock no Brasil, e eternamente rotulada como a “Rainha do Rock Brasileiro”. Em sua vida de artista ganhou inúmeros prêmios, tais como o “Troféu Chico Viola” (1959, 1960, 1961 e 1962) este em conjunto com Tony Campello, “Roquete Pinto” (1959, 1960 e 1961) e o “Tupiniquim” (1959). Celly era cogitada para apresentar o programa “Jovem Guarda” da TV Record ao lado de Roberto e Erasmo Carlos, entretanto, por ter abandonado a carreira, foi substituída por Wanderléa. Em 1961 foi eleita a “Rainha do Rock”, por mais de 40 mil votos através da Revista do Rock. 

Embora não tenha nascido em Taubaté, orgulhava-se de ter iniciada aqui sua memorável carreira artística, e quando questionada, dizia ter Taubaté, a cidade que amava, em seu coração. Precocemente deixou a vida artística no auge para se dedicar à vida conjugal com aquele que fora seu namorado na adolescência e o grande amor de sua vida, José Edwards Gomes Chacon, um funcionário da Petrobrás, com o qual teve dois filhos, Cristiane e Eduardo e dois netos, Gustavo (filho de Cristiane) e Henrique (filho de Eduardo).  

Depois de casada, esporadicamente ainda fazia alguns shows, bem como participou do Festival de Música Popular em Juiz de Fora, em 1972 e de uma temporada no ano de 1975 na série Cuba-libre em Hi-Fi, da boate paulistana Igrejinha, ocasião em que se apresentou ao lado de outros artistas de sua época, como seu irmão Tony, Carlos Gonzaga, Ronnie Cord, George Friedman, Baby Santiago e Dan Rockabilly. Em 1975 e 1976 teve seu grande sucesso “Estúpido Cupido” servido de tema e inspiração da inesquecível telenovela homônima, pela TV Globo, tendo participado com uma gravação especial. 

Talvez pudesse reiniciar sua linda carreira musical, porém, com o término da telenovela, não teve sequência com a retomada do sucesso alcançado. Em 1996, juntamente com seu irmão, foi agraciada com o Titulo de “Cidadã Taubateana” pela Câmara Municipal de Taubaté, ocasião em que tive a grande honra de representar a Polícia Militar do Estado de São Paulo nesse evento. 

Nesse mesmo ano Celly descobriu que havia contraído um câncer de mama. Sua luta que anteriormente era para brilhar e alcançar o estrelado, agora se voltava para vencer uma batalha que sabia ser terrível e que não a deixaria sossegada. Lutou contra esse mal durante muito tempo, e, internada há vinte dias no Hospital Samaritano de Campinas, a luta desigual tinha chegado ao seu trágico final, com seu falecimento aos 60 anos, ocorrido no dia 03 de março de 2003, uma segunda-feira de carnaval. 

Ao sepultamento compareceu grande número de pessoas, dentre eles sua querida mãe, dona Idea, com 92 anos de idade e irmãos, além de grande número de fãs e amigos. Nossa sempre saudosa, eterna e querida Celly, está sepultada no Cemitério Flamboyant, em Campinas. Requiescat in pace, Eterna Rainha do Rock Brasileiro.
 
 
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br