MILITAR
HERÓI PARA
SEMPRE.
A Estância Climática de Bragança Paulista é um
município do Estado de São Paulo e emancipada de Atibaia em 24 de outubro de
1856 com a denominação de Bragança. Em 30 de novembro de 1944, passou a ser
denominada Bragança Paulista, em razão da existência de outra cidade com o
mesmo nome no Estado do Pará. E é da antiga Bragança a origem de Henrique
Martins, nascido às 15h00 do dia 15 de abril de 1904, uma sexta feira do limiar
do outono brasileiro. Era filho de Domingos Grou e Joanna Francisca, tendo
nascido de parto natural em seu domicílio localizado no Bairro do Agudo. Teve como
avós maternos Francisco Martins e Gertrudes da Graça, e, como avós paternos
Antonio de Jesus Angélica e Maria da Conceição. Seu registro de nascimento
ocorreu no dia 17 de abril de 1904, conforme o contido em sua Certidão de
Nascimento, Matrícula de nº 115618 55 1904 00020 131 0000419 44.
Sua infância e adolescência ocorreram como a
maioria das crianças daquela época, com o trabalho voltado para ajudar no
sustento da família e com os estudos para sua formação. Aos 09 de fevereiro de
1922, prestes a completar 18 anos de idade, alistou-se voluntariamente na Força
Pública do Estado de São Paulo, conforme se fez público a Ordem do Dia
Regimental nº 30. Do período de permanência na Força Pública do Estado de São
Paulo, de 09 de fevereiro de 1922 a 07 de outubro de 1933, data de seu
falecimento, tornou-se um policial comprometido com a segurança de seu
semelhante, alcançando em razão desse procedimento, inúmeros elogios em seu
Assentamento Individual, com procedimentos que só o fizeram enaltecê-lo e
engrandecê-lo como militar, como chefe de família e como homem de bem. Em sua
carreira militar Henrique Martins foi considerado apto aos exames para o qual
se submeteu para admissão à Escola de Cabos, sendo promovido à graduação de
Anspeçada aos 11 de junho de 1927 e à graduação de Cabo aos 22 de maio de 1928.
Na plenitude da nova graduação exerceu diversas
funções, dentre elas, a de Comandante do Destacamento Policial Militar do
Distrito de Quiririm, pertencente ao Município de Taubaté-SP. Nesse
Destacamento teve atuação de destaque, sendo um comandante muito querido pela
população local. Casou-se com Maria Benedicta Ferreira, filha de Antonio Alves
e de Maria Noêmia Pereira, aos 18 de março de 1930, no Regime de Separação de
Bens, nos termos do artigo 183 do Código Civil, número XII, passando a
contraente a chamar-se Maria Benedicta Martins, conforme o contido na Certidão
de Casamento Matrícula 113860 01 55 1930 2 00016 150 0000118 16, Livro B-16, às
folhas 150-V, sob nº 118. Dessa sagrada união nasceu o único filho, Rolando
Cleibe Martins, nascido em Taubaté-SP aos 09 de dezembro de 1931 e registrado
no dia 12 do mesmo mês.
No dia 07 de outubro de 1933, um sábado da
primavera brasileira, por volta de 20h40m, encontrando-se fardado e saindo de
serviço daquele Destacamento, dirigia-se à Estação Ferroviária onde aguardaria
pela Litorina, uma pequena composição, para embarcar para Taubaté, onde residia
à Rua Dona Chiquinha de Mattos, nº 33, centro, ocasião em que foi solicitado
por populares para o atendimento de uma ocorrência de desordem há poucos metros
dali, defronte a um armazém situado na Rua da Biquinha, a mesma rua onde
aguardava a composição ferroviária. Naquele local, um ébrio de nome Vicente
Kinistro encontrava-se em seu estado emocional alterado e provocando diversas
pessoas. Cabo Henrique, em razão da precária iluminação naquele local não pode
efetuar uma completa e perfeita revista pessoal no desordeiro, que,
aproveitando-se daquela situação, desferiu-lhe uma certeira facada no coração,
prostrando-o sem vida. Em razão do intenso clamor público o homicida evadiu-se,
abandonando a arma do crime próximo ao local da tragédia. As declarações do
registro de óbito foram prestadas pelo senhor Humberto Indiani, Subdelegado de Polícia
de Quiririm, que, exibiu Guia de Verificação de Óbito pelo Delegado de Polícia
de Taubaté e atestado pelo Dr. Leônidas Machado, conforme consta na Certidão de
Inteiro Teor sob Matrícula nº 114207 01 55 1933 4 00001 135 0000304 41.
Seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Taubaté
e seu sepultamento ocorrido no dia 08 de outubro no Cemitério Municipal de
Taubaté, com grande acompanhamento do povo e de autoridades. Na despedida ao
valoroso policial que tombou no cumprimento do dever pronunciaram os senhores
Joaquim Manoel Moreira, emérito educador e professor de francês e o Capitão
Alfredo Feijó da Força Pública do Estado de São Paulo. (Folha de Taubaté,
quinta feira, 12 de outubro de 1933). Cabo Henrique Martins foi promovido post
mortem a 3º Sargento, em razão de ter sido morto no exercício do
serviço e no cumprimento do dever, conforme publicação inserida no Boletim
Geral nº 235, de 21 de outubro de 1933. Em 02 de julho de 1938, Maria Benedicta
Ferreira, casou-se em 2ª núpcias em com José de Souza Priante, um soldado da
Força Pública e destacado em Tremembé. Em 23 de julho de 1941, às 14 horas,
conforme Atestado de Óbito nº 11559, no livro C-49, às folhas 137-V, Maria
Benedicta Martins viria a falecer, ficando então seu filho Rolando, órfão de
seus verdadeiros pais. Seu padrasto, Sd Priante, acabou por criá-lo e educá-lo
até sua maioridade, quando então, passou a gerir sua própria vida. Rolando
casou-se aos 23 de dezembro de 1954, com Zélia dos Santos Martins, de acordo
com o Assento de nº 4795, do livro B-31, fls. 295 e dessa união nasceu sua
única filha, Sandra Regina Martins, a qual lhe presenteou com duas lindas
netas, Letícia Martins Siqueira e Lívia Martins Siqueira, ambas maiores e
portadoras de Curso Superior. Rolando, divorciou-se consensualmente em 03 de
maio de 1979. Em 2ª núpcias casou-se em 30 de junho de 1979, Certidão nº 2533,
fls. 216, livro 009, com Anália Aparecida Venâncio, natural de Itapetininga-SP.
Não tiveram filhos.
UM RELATO COMOVENTE.
Rolando relata que ainda jovem (15 ou 16 anos),
decorridos após a morte de seu pai foi a Quiririm e perguntando a algumas
pessoas que se encontravam em um armazém se haviam conhecido Cabo Henrique,
antigo Comandante do Destacamento de Quiririm e falecido naquela cidade, todos
responderam afirmativamente e elogiando a pessoa daquela militar.
Identificando-se posteriormente a todos como sendo seu filho, todos ficaram
muito contentes e emocionados, abraçando-o. Segundo o próprio, recebera o nome
de Rolando em razão de sua mãe ter lido o livro “A Ponte do Suspiro” de Michael
Zevago, em que o personagem central se chamava Rolando. Como era um romance
muito bonito sua mãe assim atribuiu-lhe esse nome. Rolando conta com 81 anos,
encontra-se aposentado do serviço público e reside em Taubaté. Requiescat
in pace, Herói da Milícia Bandeirante!
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR,
PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES
SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
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