domingo, 21 de dezembro de 2014

HENRIQUE MARTINS (54)



MILITAR



HERÓI PARA SEMPRE.
  
A Estância Climática de Bragança Paulista é um município do Estado de São Paulo e emancipada de Atibaia em 24 de outubro de 1856 com a denominação de Bragança. Em 30 de novembro de 1944, passou a ser denominada Bragança Paulista, em razão da existência de outra cidade com o mesmo nome no Estado do Pará. E é da antiga Bragança a origem de Henrique Martins, nascido às 15h00 do dia 15 de abril de 1904, uma sexta feira do limiar do outono brasileiro. Era filho de Domingos Grou e Joanna Francisca, tendo nascido de parto natural em seu domicílio localizado no Bairro do Agudo. Teve como avós maternos Francisco Martins e Gertrudes da Graça, e, como avós paternos Antonio de Jesus Angélica e Maria da Conceição. Seu registro de nascimento ocorreu no dia 17 de abril de 1904, conforme o contido em sua Certidão de Nascimento, Matrícula de nº 115618 55 1904 00020 131 0000419 44.
Sua infância e adolescência ocorreram como a maioria das crianças daquela época, com o trabalho voltado para ajudar no sustento da família e com os estudos para sua formação. Aos 09 de fevereiro de 1922, prestes a completar 18 anos de idade, alistou-se voluntariamente na Força Pública do Estado de São Paulo, conforme se fez público a Ordem do Dia Regimental nº 30. Do período de permanência na Força Pública do Estado de São Paulo, de 09 de fevereiro de 1922 a 07 de outubro de 1933, data de seu falecimento, tornou-se um policial comprometido com a segurança de seu semelhante, alcançando em razão desse procedimento, inúmeros elogios em seu Assentamento Individual, com procedimentos que só o fizeram enaltecê-lo e engrandecê-lo como militar, como chefe de família e como homem de bem. Em sua carreira militar Henrique Martins foi considerado apto aos exames para o qual se submeteu para admissão à Escola de Cabos, sendo promovido à graduação de Anspeçada aos 11 de junho de 1927 e à graduação de Cabo aos 22 de maio de 1928.
Na plenitude da nova graduação exerceu diversas funções, dentre elas, a de Comandante do Destacamento Policial Militar do Distrito de Quiririm, pertencente ao Município de Taubaté-SP. Nesse Destacamento teve atuação de destaque, sendo um comandante muito querido pela população local. Casou-se com Maria Benedicta Ferreira, filha de Antonio Alves e de Maria Noêmia Pereira, aos 18 de março de 1930, no Regime de Separação de Bens, nos termos do artigo 183 do Código Civil, número XII, passando a contraente a chamar-se Maria Benedicta Martins, conforme o contido na Certidão de Casamento Matrícula 113860 01 55 1930 2 00016 150 0000118 16, Livro B-16, às folhas 150-V, sob nº 118. Dessa sagrada união nasceu o único filho, Rolando Cleibe Martins, nascido em Taubaté-SP aos 09 de dezembro de 1931 e registrado no dia 12 do mesmo mês.
No dia 07 de outubro de 1933, um sábado da primavera brasileira, por volta de 20h40m, encontrando-se fardado e saindo de serviço daquele Destacamento, dirigia-se à Estação Ferroviária onde aguardaria pela Litorina, uma pequena composição, para embarcar para Taubaté, onde residia à Rua Dona Chiquinha de Mattos, nº 33, centro, ocasião em que foi solicitado por populares para o atendimento de uma ocorrência de desordem há poucos metros dali, defronte a um armazém situado na Rua da Biquinha, a mesma rua onde aguardava a composição ferroviária. Naquele local, um ébrio de nome Vicente Kinistro encontrava-se em seu estado emocional alterado e provocando diversas pessoas. Cabo Henrique, em razão da precária iluminação naquele local não pode efetuar uma completa e perfeita revista pessoal no desordeiro, que, aproveitando-se daquela situação, desferiu-lhe uma certeira facada no coração, prostrando-o sem vida. Em razão do intenso clamor público o homicida evadiu-se, abandonando a arma do crime próximo ao local da tragédia. As declarações do registro de óbito foram prestadas pelo senhor Humberto Indiani, Subdelegado de Polícia de Quiririm, que, exibiu Guia de Verificação de Óbito pelo Delegado de Polícia de Taubaté e atestado pelo Dr. Leônidas Machado, conforme consta na Certidão de Inteiro Teor sob Matrícula nº 114207 01 55 1933 4 00001 135 0000304 41. 
 
Seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Taubaté e seu sepultamento ocorrido no dia 08 de outubro no Cemitério Municipal de Taubaté, com grande acompanhamento do povo e de autoridades. Na despedida ao valoroso policial que tombou no cumprimento do dever pronunciaram os senhores Joaquim Manoel Moreira, emérito educador e professor de francês e o Capitão Alfredo Feijó da Força Pública do Estado de São Paulo. (Folha de Taubaté, quinta feira, 12 de outubro de 1933). Cabo Henrique Martins foi promovido post mortem  a 3º Sargento, em razão de ter sido morto no exercício do serviço e no cumprimento do dever, conforme publicação inserida no Boletim Geral nº 235, de 21 de outubro de 1933. Em 02 de julho de 1938, Maria Benedicta Ferreira, casou-se em 2ª núpcias em com José de Souza Priante, um soldado da Força Pública e destacado em Tremembé. Em 23 de julho de 1941, às 14 horas, conforme Atestado de Óbito nº 11559, no livro C-49, às folhas 137-V, Maria Benedicta Martins viria a falecer, ficando então seu filho Rolando, órfão de seus verdadeiros pais. Seu padrasto, Sd Priante, acabou por criá-lo e educá-lo até sua maioridade, quando então, passou a gerir sua própria vida. Rolando casou-se aos 23 de dezembro de 1954, com Zélia dos Santos Martins, de acordo com o Assento de nº 4795, do livro B-31, fls. 295 e dessa união nasceu sua única filha, Sandra Regina Martins, a qual lhe presenteou com duas lindas netas, Letícia Martins Siqueira e Lívia Martins Siqueira, ambas maiores e portadoras de Curso Superior. Rolando, divorciou-se consensualmente em 03 de maio de 1979. Em 2ª núpcias casou-se em 30 de junho de 1979, Certidão nº 2533, fls. 216, livro 009, com Anália Aparecida Venâncio, natural de Itapetininga-SP. Não tiveram filhos.

UM RELATO COMOVENTE.

Rolando relata que ainda jovem (15 ou 16 anos), decorridos após a morte de seu pai foi a Quiririm e perguntando a algumas pessoas que se encontravam em um armazém se haviam conhecido Cabo Henrique, antigo Comandante do Destacamento de Quiririm e falecido naquela cidade, todos responderam afirmativamente e elogiando a pessoa daquela militar. Identificando-se posteriormente a todos como sendo seu filho, todos ficaram muito contentes e emocionados, abraçando-o. Segundo o próprio, recebera o nome de Rolando em razão de sua mãe ter lido o livro “A Ponte do Suspiro” de Michael Zevago, em que o personagem central se chamava Rolando. Como era um romance muito bonito sua mãe assim atribuiu-lhe esse nome. Rolando conta com 81 anos, encontra-se aposentado do serviço público e reside em Taubaté. Requiescat in pace, Herói da Milícia Bandeirante!


PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO. 
cfgilberto@yahoo.com.br 

ASSOCIAÇÃO VIDA TAUBATÉ (64)












QUANDO OS OLHARES DIZEM TUDO...



Domingo, transitando pela Praça Santa Teresinha percebi que tudo estava em sintonia com a natureza. Suas árvores frondosas enfeitadas com o coral formado por bem-te-vis, pardais e rolinhas esperavam pelos acordes harmônicos, enquanto outras, quietas, sonhavam com a claridade das primeiras estrelas.  A torre do Santuário de Santa Teresinha do Menino Jesus, muito esguia, deixava transparecer, à sombra do seu sino mudo e quieto àquela hora, a paz e a felicidade reinante naquele local sagrado. Logo, tive a atenção despertada para algumas pessoas, que, parecendo-me felizes, caminhavam de um lado para outro à procura de algo que lhes interessassem. 

A SEMPRE ACONCHEGANTE E BELA PRAÇA SANTA TERESINHA

Aproximando-me, percebi tratar-se da iniciativa de uma Organização Não Governamental denominada “Associação Vida Taubaté” e que ali estava instalada uma feira para doação de animais. Cães e gatos completavam aquele ambiente fraternal, disputando com flertes a plateia que lhes acercavam, alguns com olhares pidões, outros como que implorando “me levem” e outros ainda imaginando frases como "não se esqueçam de mim", “não me abandonem” ou “preciso de carinho”. Eram de todos os tamanhos, idades, raças, cores, com rabo ou de rabo cortado, enfim, de fazer inveja a qualquer canil ou gatil que se preze. Cães e gatos, dentro de repartições amplas e muito bem cuidados, enfeitavam e alegravam com suas belezas e passividades próprias aquele ambiente terno e mágico. 

A FEIRA NA PRAÇA SANTA TERESINHA E A CUMPLICIDADE DOS OLHARES

Também pude perceber que os responsáveis por aquele evento doavam-se de corpo e alma na busca incessante por algum interessado pela posse responsável em adotar qualquer deles. E essa busca incessante era procedida de forma meticulosa, onde se exigiam cópias dos documentos do adotante, como RG, CPF, Comprovante de Residência, da assinatura do Termo de Doação com valor judicial, e, principalmente se o adotante não estava ali para uma adoção por impulso. E após tudo dentro da conformidade, o animal ou animais eram entregues em perfeito estado de saúde, estando todos cadastrados, castrados, vacinados e vermifugados.

  

                                    


O AMOR DEMONSTRADO PELAS DIFERENTES GERAÇÕES
                                 
Já era de meu conhecimento a atividade desenvolvida por essa Organização em nossa cidade, a qual, aos sábados e domingos, na Praça Santa Teresinha, lá se apresenta para o fim a que se destina. Ali se encontravam como sempre fazem pessoas abnegadas, imbuídas do verdadeiro espírito de cidadania e de humanidade para com os problemas de nossa cidade no que se refere a animais abandonados ou maltratados. Fazem desse sacerdócio a própria razão de viver, sem pretensões políticas, eximindo-se de se tornarem celebridades perante a imprensa falada, escrita e televisada, doando-se totalmente à causa daqueles que só podem falar pelos olhos e pelo carinho que nos dedicam. Com absolutíssima certeza, lá adiante e ao final da longa caminhada da vida, terão seus nomes inseridos no Grande Livro da Recompensa, pela benevolência em vida e escritos de próprio punho pelo Criador.




PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

JORGE COUTINHO (39)






                                    Tomé, Nilton Santos, Orlando Maia, Juvenal, Bob e Lugano;
                      Jorge Coutinho, Garrincha, Gato, Paulinho, Casnock e João Carlos.




                          MASSAGISTA DE GRANDES ÍDOLOS





Jorge Coutinho nasceu no Rio de Janeiro aos 14 de novembro de 1926, sendo filho de João Coutinho e de Esmeraldina Pinto Coutinho. Na década de 50 passou por grandes clubes como Botafogo, Vasco e Fluminense, tendo a grande honra e primazia de trabalhar com os maiores nomes daquela época de ouro, como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Zagallo, Vavá, Quarentinha, Bigode, Barbosa, Friaça, Telê Santana e tantos outros. Sua vinda para Taubaté ocorreu em 1957, com a contratação pelo E.C. Taubaté para compor a comissão técnica do alviazul, atendendo um convite do ortopedista Dr. Amilcar Gifone para auxiliá-lo no Departamento médico desse clube, e aliado ao fato das boas relações entre nosso eterno e saudoso presidente Joaquim de Morais Filho com dirigentes cariocas. Sua passagem pelo “Burro da Central” até 1962, quando do rebaixamento para a 2ª Divisão Paulista, foram de glórias, de abnegação e de amor pelo clube. A partir de então, adotou Taubaté como sua terra querida e aqui passou a residir, dando continuidade a sua profissão, de forma particular, atendendo em clubes, em saunas ou em sua residência, onde atendia seus amigos e clientes, de maneira fraternal e sempre solícita. Jorge era uma pessoa séria, honesta, um grande amigo e conselheiro, um nacionalista extremado.

Era eleitor da 407ª Zona Eleitoral, e, mesmo acima de 70 anos jamais deixou de votar, fazendo questão de contribuir para o engrandecimento de nosso país. Em 3 de dezembro de 1970, com 44 anos, casa-se com Geralda Maria de Jesus Coutinho, viúva, e dessa união não tiveram filhos. Aposentado, morava à Rua Tripuí, Vila Nogueira, em Taubaté, em uma casa modesta, como modestamente viveu em toda sua vida. Mas, vivia muito feliz. Diariamente, quando saía para trabalhar para atendimentos particulares, era comum vê-lo caminhar com sua maleta de instrumentos para massagens, num percurso de três quilômetros, de maneira sempre alegre e contente. Era o vai-e-vem diário e com uma vitalidade impressionante. Isto nos fazia remeter ao tempo em que, como massagista do E.C. Taubaté no velho campo do Bosque, quando nas partidas do Burro da Central e ao ser requisitado para atendimento de algum atleta, o fazia de maneira rápida, com uma corrida que impressionava a todos os torcedores presentes, e sempre estampando a camisa cinza com letra maiúscula “M”. A torcida ia ao delírio! Bons tempos aqueles. Em sua casa, ostentava de maneira orgulhosa e entusiasta, desde as fotos das grandes equipes que defendera, até uma excursão com o Botafogo Futebol e Regatas à Argentina, quando ganhou uma foto de Juan Martinez de Peron, presidente argentino, seu grande ídolo.


No dia 27 de outubro de 2006 viria a sofrer uma perda irreparável, com o falecimento de sua esposa Geralda. Viúvo, a partir de então, Jorge Coutinho não seria mais a mesma pessoa vibrante e entusiasta. Não tinha mais ânimo e vontade de viver. As saudosas lembranças dos anos vividos com sua esposa, não o deixavam prosseguir com os próprios passos, passando então, a não sair mais de sua casa e deixar de fazer o que mais gostava: a convivência com os amigos e o trabalho diário com as massagens em seus clientes. Prestes a completar sete meses da perda de sua esposa, Jorge Coutinho viria a sucumbir numa sexta-feira de outono, no dia 18 de maio de 2007, as 02:00h em sua residência. Socorrido de emergência ao Pronto Socorro Municipal, não foi possível salvá-lo, visto que foi acometido de um infarto agudo do miocárdio, conforme consta em seu Atestado de Óbito de nº 32248, livro C-54, fls. 283, firmado pelo Dr. Geraldo Armando de Barros Filho, CRM 13684.  Seu sepultamento ocorreu na mesma data, sendo sepultado no Cemitério Municipal de Taubaté à Quadra 4ª, Sepultura nº 135, atual 291.


Requiescat in pace, Grande Amigo!



PROF° GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br