sexta-feira, 31 de outubro de 2014

DANILO BATISTA (71)








     BOXEADOR




O TAUBATEANO QUE DISPUTOU O MUNDIAL DOS GALOS

 
Taubaté pode se orgulhar de ter entre seus filhos, um Campeão Peso Galo Paulista, Brasileiro e Sul-Americano. Danilo Batista era seu nome, filho de Dirce Angélica, tendo nascido aos 28 de maio de 1952, às 09.00 horas em sua residência, sita à Rua Expedicionário José Antonio Moreira, nº 89, no Bairro do Bom Conselho. Recebeu o batismo no Santuário de Santa Terezinha, em Taubaté, pelas mãos do Cônego Cícero de Alvarenga no dia 17 de setembro de 1952, uma quarta feira do crepúsculo do inversno brasileiro. 

A BUCÓLICA TAUBATÉ NA DÉCADA DE 50

Tempos depois, ainda menino mudaria para São Paulo e passaria a trabalhar nas feiras livres das adjacências de Osasco. E, justamente nessas feiras, aconteceriam as brigas entre meninos moradores do bairro e os meninos feirantes. Era briga diariamente e nos mais variados tipos, no braço, com pedras, paus e correntes. Dessa forma, dos onze aos dezessete anos Danilo enfrentaria o seu dia-a-dia. 

Por esse motivo entraria em uma Academia de Boxe, o Clube Esportivo da Penha e a partir de então passaria a ser respeitado. Despedido pelo patrão que não concordava em dispensá-lo para treinar, decididamente o boxe passaria a fazer parte de sua vida. No final da década de 60 se destacaria na “Forja de Campões” o que o levaria a participar dos Jogos Panamericanos de Cali, na Colômbia, em 1971, sob o comando de Newton Campos.

Em 30 de janeiro de 1973 contrairia matrimônio com Maria Aparecida Matias e com ela teria dois filhos. Para ser o Campeão Paulista e Brasileiro foi tudo muito rápido. Tão rápido que em 19 de agosto de 1977 venceria o argentino Félix Gonzalez em São Paulo, tornando-se Campeão Sul-americano. Dois meses depois, classificando-se em 6º do ranking do Conselho Mundial de Boxe desafiaria o Campeão Mundial, o mexicano Carlos Zarate para disputa do título de Peso Galo no “Fabuloso” Forum, em Inglewood, Califórnia. 


                                    O ANÚNCIO DA GRANDE LUTA.                               


O TÃO ESPERADO MOMENTO CONTRA ZARATE.


Kaled Curi seu técnico, acompanhava e confiava em Danilo que estava preparado para essa luta. Como ele mesmo afirmara “... não tenho nada a perder, o mexicano deve ser bom, mas não é melhor que eu duas, três vezes. Sendo assim, dá para encarar”. 

 
O CAMPEÃO MEXICANO CARLOS ZARATE


Entretanto, suas maiores lutas, seriam contra a balança em busca do peso ideal, pela falta de experiência internacional e diante de 14.094 espectadores torcendo contra. Danilo foi mais que um bravo ao impor-se do 1º ao 5º assalto de maneira destemida e com muita técnica, atacando Zarate várias vezes, levando-o à corda. Tinha a certeza de aquela luta seria a grande chance de ganhar o título mundial, entretanto, no 6º assalto a 1.33’ caiu castigado por três golpes consecutivos de Zarate. Levantando-se ao contar do juiz, este dá por encerrada a luta com vitória do mexicano. Continuou sua vida de boxeador até 1995, quando abandonaria as luvas. 


 A FATÍDICA E INESPERADA QUEDA

Faleceu em outubro de 2009, aos 57 anos. Nosso respeito e nossa gratidão por tudo que representou para nossa cidade, principalmente quando dizia "... Todo mundo pensa que sou nortista, mas sou natural de Taubaté com muito orgulho...". Descansa em paz, Grande Campeão!



PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br

JOSÉ LUIZ DOS SANTOS - (70)








VELHICE, UM ATRIBUTO DA GLÓRIA.



Há uma máxima que diz que o destino dos homens depende, efetivamente, menos deles mesmos do que do círculo em que surgem e se manifestam. Dessa forma, nesta edição, abordo sobre José Luiz dos Santos, natural de São Luiz do Paraitinga, neste Estado, tendo nascido aos 30 de Janeiro de 1927 e filho de lavradores naquele município. Não foi uma pessoa letrada, muito pelo contrário, sua infância foi toda ela voltada para o trabalho, para a difícil conclusão dos estudos primários, e a enfrentar, aos 14 anos de idade, a orfandade em razão do falecimento de sua mãe. No distante ano de 1945 e em plena 2ª Guerra Mundial muda-se para Taubaté, onde tem início seus grandes feitos. Eles estão registrados nos arquivos do progresso histórico de nossa região e de nosso Brasil, quando, como simples operário ajudou a construir a primeira pista da Rodovia Presidente Dutra, inaugurada em 19 de janeiro de 1951.
 
PLACA ALUSIVA À INAUGURAÇÃO DA RODOVIA PRESIDENTE DUTRA

 
Finda a primeira jornada, ingressou na Rede Ferroviária Federal S.A. para a reconstrução da nova malha viária entre São Paulo e Rio de Janeiro, mais precisamente no trecho compreendido entre Taubaté e Pindamonhangaba, com início e construção da famosa “Ponte Seca” na Vila São Geraldo. Como ele mesmo diz, era um trabalho árduo e muito perigoso, tendo certo dia, se acidentado gravemente com a queda de um dormente sobre sua mão direita, causando-lhe séria lesão, e, em consequência desse incidente, um portador de problema físico permanente. 

Tive o prazer em conhecê-lo, no final da década de 50. Pessoa da mais digna retidão, honrado, pai e marido exemplar, constituiu uma família feliz ao lado de numerosa prole de 15 filhos, 28 netos e 12 bisnetos. Seis de seus filhos ficariam para trás pelos desígnios do destino, como nordestinos que abandonam suas terras ante o flagelo da seca. Tempos depois, deixamos de nos comunicar como fazíamos. Era aquele negócio, apareça! Passaram-se os anos, vivenciamos as inevitáveis separações dos nossos filhos para seguirem seus destinos e contemplamos o amanhã como um momento mágico em nossas vidas. 

Assim, o dia do reencontro aconteceu. No sábado de carnaval fui visitá-lo em sua casa na Vila Marli. Reconhecendo-me, recebeu-me com alegria incontida, caminhando a passos lentos e apoiado em sua bengala, alquebrado que estava pelos oitenta e sete anos de lutas, com os cabelos marcados pela neve do tempo e com rugas determinando a longevidade. 

Quanta saudade e quantas palavras que não consegui pronunciar pela emoção ao reencontrá-lo! Em seu olhar cansado e profundo, lembrei-me daquele coração generoso e daquele sorriso sempre sincero. Sua vida constitui, na verdade, uma perfeita e extensa lição de sabedoria e sua velhice é um dos mais altos e nobres atributos da glória. Aquela é o complemento desta. Assim, homens como José Luiz recebem a ancianidade gloriosa como o mais belo prêmio da vida. Muitas felicidades, amigo! Deus o abençoe.


PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br