BENFEITORA
UMA VIDA VOLTADA PARA O BEM.
UMA VIDA VOLTADA PARA O BEM.
Maria de Freitas Ferreira nasceu em Taubaté aos 02
de março de 1913, sendo filha de Manoel de Oliveira Freitas e Cândida Cortez de
Freitas. Seu pai era funcionário público federal, oriundo de Itaguaí-RJ e
proprietário de uma chácara na Vila Edmundo, onde nascera, bairro esse
localizado próximo ao Bairro da Estiva. Ali tudo se produzia, mas as frutas
eram as que mais se comercializavam devido suas qualidades e variedades. Maria,
com sempre fora chamada, vinha de uma família numerosa, pais e nove irmãos. Desde
os seis anos de idade já trabalhava em casa, ora ajudando seus pais nos
negócios, ora cuidando da chácara. Como muitos a tratavam, era a menininha
delicada e atenciosa que atendia ao portão quando os procuravam para comprar
frutas. Foi uma órfã da epidemia, quando no final do segundo semestre de 1918 a
Gripe Espanhola assolava todo o país, possivelmente proveniente do navio inglês
“Demeara” ou então de um time de futebol amador do Rio de Janeiro que havia
visitado São Paulo, sendo sua mãe uma das vítimas e, dessa forma, ocorrido seu
falecimento em 19/09/1919 e grávida de oito meses e meio.
Sua formação de filha exemplar continuava para
dentro da escola e no trato com coleguinhas e professores. Estudava e
trabalhava, dedicando-se sobremaneira no respeito aos mais velhos e na
compaixão para com os mais necessitados, fatos marcantes em toda sua
existência. Com a morte de sua mãe, Maria precisou cuidar dos irmãos menores,
Antônio, fruto de um relacionamento com Maria Zulmira da Conceição,
Gabriela, João, Paulo e Virgínia, frutos do terceiro matrimônio de seu
pai com Maria Ignácia da Mota Freitas, a Zila, como carinhosamente era chamada.
Também convivia com o problema relacionado à sua irmã Aurivina, a qual sofria
de distúrbios mentais. Em 1938 conhece aquele que seria seu futuro marido,
Garcílio, e após alguns poucos meses de namoro e noivado, contrai matrimônio. A
partir de então tem início sua dura e difícil caminhada.
Seu marido, policial da Força Pública é aprovado em
concurso e transferido para outras Unidades, vindo com isso a acompanhá-lo
durante toda sua vida de caserna em várias cidades por motivo de transferência,
tais como São Paulo, Jacareí, Caraguatatuba, Cunha, Taubaté,
Tremembé, dentre outras. Acompanhou seu marido por toda a parte, mas durante
as ausências prolongadas criou seus nove filhos da maneira que somente uma mãe
seria capaz de criar. É verdade também que três desses filhos ficaram há muitos
anos à beira da estrada, como nordestinos que deixam seus filhos mortos e
insepultos, na retirada ante o flagelo da seca. Em meados de agosto de
1954 fixa residência em Taubaté, mais precisamente na Rua José Pedro da Cunha,
nº 239, próxima ao Mercado Municipal. Ali conquistaria a todos com sua
benevolência e amor ao próximo, fazendo da caridade sua maior felicidade. Mesmo
sem conhecer sua profunda doutrina, costumava sempre parafrasear Santo
Agostinho ao dizer sempre que “quem tem caridade no coração tem sempre qualquer
coisa para dar”, ou então, “A caridade que ama o próximo é a mesma que ama a Deus”.
A todos os pobres, sem distinção, tratava-os com um
incomensurável amor e sempre com o conforto de um abraço fraterno e de uma mão
amiga. Maria faleceu com 83 anos de idade em 1º de novembro de 1996, justamente
no Dia de Todos os Santos. Está sepultada no Cemitério Municipal de Taubaté, no
Jazigo Perpétuo da Família Freitas, juntamente com sua mãe e irmãos. Como
homenagem póstuma, através de Lei Municipal nº 4734, de 11 de dezembro de 2012,
teve reconhecida sua prestatividade como munícipe, ao ter como agradecimento do
povo taubateano, inscrito seu nome em uma das ruas de Taubaté-SP, a atual Rua
"F" localizada no Loteamento Vista Alegre, Bairro do Bonfim, passando
a denominar-se "Rua Maria de Freitas Ferreira - Benfeitora". Requiescat in pace, Alma generosa!.
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR,
PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES
SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
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