sábado, 14 de setembro de 2013

DR. FLAIR CARLOS DE OLIVEIRA ARMANI E DR. JOSÉ CAETANO FERREIRA MUNHOZ - (38)



O ÚLTIMO ADEUS.


Tem juiz que nem parece ser juiz. Amável no trato, amigo, solícito e bondoso. Quando em seu trabalho diário, recebe o réu de maneira humanitária e sempre disposto a serví-lo. Ao contraventor, trata-o como se fosse, de início, a perdoar-lhe a falta, a menos que muito grave, sendo mais um assistente social do que qualquer outra coisa e, acima de tudo, um homem profundamente humano, a reconhecer suas próprias falhas, sabendo relevá-las em seu semelhante. 

Existe isso? Existe sim. É raríssimo, mas existe. Dois desses raros exemplos já se foram. Refiro-me ao Dr. Flair e ao Dr. Munhoz, juízes que prestaram serviços nesta Comarca. Dr. Flair era uma pessoa boníssima ao extremo, aliado a sua personalidade extremamente firme e justa, porém, generoso e amigo, virtudes que não saem de minha lembrança como policial militar na época em que o mesmo era Juiz de Menores. Os meninos de outrora, pequenos infratores, o Dr. Flair soube protegê-los, agasalhá-los, aconselhá-los e até mesmo, com auxílio material escasso, conseguiu empregá-los. Como amigo e conselheiro, perdi-o. Também o foi, Dr. Munhoz. Grande juiz, grande amigo, grande alma! Como juiz, nunca abusou de sua autoridade, e jamais usou de prepotência para ser o que foi. Sempre procurou estender a mão amiga a quem quer que fosse. Amigo certo nas horas incertas de minha vida de policial, sempre encontrava o Dr. Munhoz a orientar-me e a aconselhar-me sobre os momentos de desencontros cotidianos. Como amigos que fomos jamais o visitei em sua casa. Era aquele negócio: Apareça em casa, Gilberto! Irei sim, Dr. Munhoz, qualquer dia apareço, talvez ainda, esta semana. Mas nunca aparecia. 

Passaram-se semanas e meses e o verdadeiro amigo, antes de mais nada, sempre cobrava a espera do dia da visita que não acontecia nunca. Entretanto, por ironia do destino, o dia da visita chegou. Fui visitá-lo, não em sua casa como esperara sempre, mas sim, na Faculdade de Direito de Taubaté, que tanto ele aprendera a amar. Seu caixão estava repleto de rosas, as mesmas rosas que um dia ele distribuiu aos mais necessitados em forma de amor, que somente ele, Dr. Munhoz soube amar e proteger como ninguém.
Requiescat in pace, Grandes Amigos!





PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br

2 comentários:

  1. Sobre o Dr. Flair | 21/06/2014
    Como assistente social, trabalhei com o Dr. Flair e concordo plenamente com suas colocações: um juiz humano, boníssimo, que respeitava os demais profissionais e sabia trabalhar de forma conjunta, em equipe.Guardo carinhosamente sua lembrança em minha trajetória todos esses anos, e por várias vezes falei sobre a experiência de trabalhar com ele aos meus alunos. Parabéns pelo blog.
    Regina Célia Pinheiro da Silva

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  2. Marcou uma época... | 24/06/2014
    Prezada Regina Célia. Meus agradecimentos por ter visitado meu site. Realmente Dr. Flair marcou uma época de grandezas e de valores em nossa sociedade, como juiz, como amigo e como pessoa. Um grande abraço.
    Gilberto da Costa Ferreira

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