BANCÁRIO
A SEMENTE DO AMOR AO PRÓXIMO.
Silvio de Souza nasceu em Santo Anastácio, pequena
e linda cidade do Estado de São Paulo, aos 17 de abril de 1944, uma segunda
feira de outono. Era filho de Libano Domingues de Souza e de Carmem Hernandes
de Souza, ele exercendo a profissão de motorista e ela do lar. Em meados de
1946, aos dois anos de idade, muda-se com sua família de Mogi Mirim para
Taubaté, onde seu pai, motorista de caminhão, passaria a trabalhar na empresa
de transportes do Sr. Abirached, nessa cidade. Aqui cresceu, estudou, trabalhou
e constituiu sua família. Sua infância e adolescência transcorreram de maneira
muito fraternal, onde o amor de seus pais se fez presente de maneira constante
e indelével sendo um fator preponderante para que se tornasse o homem que foi e
que tivemos a Graça Divina de poder convivermos e desfrutarmos de seu imenso
amor. Nos estudos no Colégio Comercial de Taubaté sobressaiu-se com
desenvoltura e aplicação, tornando-se exemplo para com seus colegas de classe.
Fez do trabalho sua razão de ser. Foi alfaiate aos doze anos de idade,
funcionário do Banco Mercantil, jogador de futebol profissional defendendo as
cores do E.C. Taubaté, metalúrgico na antiga fábrica da Willys Overland a qual
depois seria adquirida pela Ford Brasil, novamente bancário, desta vez, como
caixa do Banco Econômico, sendo um funcionário dedicado e muito atencioso,
onde, exercendo essa função, era o preferido dos clientes, tamanho a educação,
o respeito, a desenvoltura e dedicação para com aqueles que o procuravam. Era
ainda funcionário desse Banco à época de seu trágico passamento.
Muito conhecido na cidade como Silvio Espigão em
razão de sua estatura, sua compleição física e por ser irmão de Roberto
Espigão, um vigoroso e estupendo zagueiro do Clube Atlético Bragantino, logo o
apelido permaneceria. Jovem, com um círculo de grandes amigos e boleiros,
dentre eles Tau e Zé Vicente, e ao visitá-los certa vez, conheceu Elza, prima
de ambos, que se tornaria o grande amor de sua vida e sua razão de viver.
Naquela oportunidade seus olhares se cruzaram e entre eles nasceu um grande
amor. Casaram-se no dia 21 de dezembro de 1968, um sábado do início do verão
brasileiro e numa noite com o céu repleto de estrelas como que anunciando toda
uma vida de felicidades. A Igreja de Santa Terezinha, toda linda, maravilhosa e
enfeitada foi a escolhida para abençoá-los, e que mais tarde, em 1970 e 1974
seriam colhidos os frutos dessa união de amor, superação e compreensão, com os
nascimentos dos filhos Marcelo e Andréa.
Silvio viveu para sua família e em razão dela com
ternura e dedicação. Foi ótimo marido e excepcional pai. Também houvera sido
ótimo irmão. Tinha em Roberto, sua alma gêmea. Era uma alegria só quando se
encontravam ao receber a família de seu irmão em visita à Taubaté. Era seu
melhor amigo, aquele a quem era seu confidente, o amigo leal, o verdadeiro
irmão. Ao perdê-lo um dia, sua vida parecia ter desmoronado. O ombro amigo e
sempre constante não mais estaria fisicamente ao seu lado. Coisas da vida e do
destino implacável. Silvio era aquele amigo que todos sonhamos ter, alegre,
brincalhão, respeitador, conselheiro, leal. Muito solícito e sempre disposto a
ajudar quem quer que fosse, angariava amigos como poucos. Lembro-me das
jornadas futebolísticas quando, após as partidas nos reuníamos no bar de seus
amigos e vizinhos Toninho Gobbo e Célia, bem defronte sua casa no Bairro da
Estiva, onde Célia nos preparava uma deliciosa buchada. Não fazia uso de bebida
alcoólica, entretanto, quando da chegada do primeiro netinho, era só
contentamento. Naquela ocasião, feliz com o acontecimento máximo de sua vida ao
se tornar avô e tomando uma única cerveja, embriagou-se. Uma única cerveja!
Esse era o Silvio, alegre, brincalhão, amigo e irmão. Outra sua peculiaridade
era ser um apaixonado por carnes, e, mesmo depois do almoço ainda saboreava um
delicioso pão recheado também com carne.
Corinthiano na acepção da palavra era só entusiasmo
quando se falava de Corinthians. Como torcedor ferrenho vibrava com as vitórias
de seu time, como por exemplo, as conquistas do Campeonato Paulista de 1977 na
decisão contra a Ponte Preta e do 1º título do Campeonato Brasileiro em 1990,
com o gol de Tupãzinho na decisão contra o São Paulo F.C. Nesses dias foi às
lágrimas. No dia 29 de março de 1991, Sexta-feira Santa, por volta de 17.45
horas, a cidade de Taubaté foi surpreendida com a notícia de seu falecimento em
sua residência, vitimado que foi por um mal súbito. Naquele Dia Santificado
seus olhos se fechariam e seus lábios se calariam para sempre. Entretanto,
deixou-nos um grande legado que sempre semeou: O amor ao próximo. Levou consigo
a camisa do Treze de Julho nas cores azul e branca e que aprendera a amar. Seu
caixão estava repleto de flores, as mesmas flores que em vida soube distribuir
como ninguém aos seus entes queridos, aos amigos e aos mais necessitados.
A você, Silvio, uma música nos acompanhará para
sempre “... Já está chegando a hora de ir, venho aqui me despedir e dizer, e em
qualquer lugar por onde eu andar, vou lembrar de você...”.
Seu corpo foi velado na Capela 1 da Organização
Social de Luto e seu féretro ocorrido no dia 30 de março as 11:00 h de onde
seguiu para o Cemitério da Venerável Ordem Terceira, em Taubaté-SP, onde foi
sepultado. Seus restos mortais e os de seus pais estão depositados no
Columbário nº 121 desse Cemitério.
Requiescat in pace,
Amigo Leal! Até um dia.
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR,
PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES
SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
Caro Amigo Gilberto, Não consigo expressar minha gratidão por publicar tão amáveis palavras sobre meu pai, só me vem aos olhos lágrimas por ler e relembrar momentos felizes que pude passar junto a ele. Obrigado de coração por essa homenagem sincera.
ResponderExcluirMarcelo A. de Sousa
Resposta: Gilberto da Costa Ferreira - 05 de março de 2013 - 19.52 h
ResponderExcluirMarcelo, tudo o que possamos falar sobre seu pai será apenas acrescentar algumas palavras a mais pelo o que representou para os amigos, para a cidade de Taubaté e principalmente para sua família. Foi uma pessoa extraordinária e que deixa para a posteridade, exemplos de dignidade. Homens como seu pai estão acima da humanidade, sacrificam-se ao seu próximo e dignificam o mundo. Estas são as palavras que encontrei nas prateleiras empoeiradas de meu cérebro. Seja feliz. Profº Gilberto.
Rossi Gobbo - 06 de março de 2013 - 09.21h
ResponderExcluirCaros amigos, sou Rossi Agostini Gobbo, filho primogênito de Toninho Gobbo e Célia, e acompanhei de perto os momentos citados no texto, quando dos jogos de veteranos de Taubaté. Juntos, meu pai e Tio Silvio, como o chamávamos, sempre nos levavam para a beira do campo. Sua casa foi reduto de minha família na época em que minha mãe preparava os quitutes do bar e a nossa convivência era cotidiana. Acrescento a qualidade de tio estimadíssimo pelos sobrinhos menores, pela sua enorme energia para as brincadeiras. Para ele era fácil arrancar sorrisos nossos. Abraços e parabéns pelo texto. Ficou ótimo!
Resposta: Gilberto da Costa Ferreira, 06 de março de 2013 - 22.25h
ResponderExcluirRossi, lembro-me perfeitamente sobre você, ainda menino, quando ajudava seus pais no Bar 13, na Estiva. E lembro-me do delicioso "buchinho" que sua mãe, Célia, fazia aos sábados para saborearmos depois de uma partida de nosso time, o querido 13. São lembranças indeléveis que não conseguimos apagar de nossas memórias e que nem o tempo, esse julgador imperecível de todas as coisas, seria capaz de fazê-lo. Um grande abraço para você. Profº Gilberto.
Lúcia Agostini - 06 de março de 2013 - 14.14h
ResponderExcluirProf. Gilberto
Agradeço pela sua pesquisa e belas palavras, que me emocionaram. Desconhecia algumas passagens do meu cunhado. Sua marca era a alegria. Deixou muitas saudades, principalmente aos filhos. Um abraço. Lúcia Agostini
Resposta: Gilberto da Costa Ferreira - 06 de março de 2013 - 20.40h
ResponderExcluirLúcia, meus respeitos. Silvio foi uma pessoa brilhante na trajetória da vida. Pode ter a absoluta certeza de que por ter feito e praticado o bem como uma constante, teve como prêmio ofertado pelo Criador, sua maravilhosa família e os amigos que tanto lhe queriam bem. Obrigado pelas palavras. Um grande e afetuoso abraço. Profº Gilberto.
Andréa Agostini de Souza - 06 de março de 2013 - 09.59h
ResponderExcluirGilberto, agradeço suas palavras ao meu Pai...faltam-me palavras e sobra-me emoção, sentimentos...... Lá, de onde ele está sempre olhando por nós, com certeza está recebendo todo esse carinho e respeito por ele.
Hoje a família dele cresceu, são três netos (Leandro, Marcela e Caio) e um bisneto o Pedro, que veio pra ser a alegria e reforçar o elo de amor da nossa família. Obrigada.
Resposta: Gilberto da Costa Ferreira - 06 de março de 2013 - 21.15h
ResponderExcluirQuerida Andréa. Tive em Silvio a resposta do verdadeiro significado de "amigo", a expressão de lealdade que era portador e o sentido amplo da palavra bondade que seu coração era capaz de transmitir. Homens como seu pai, são espelhos da dignidade e se colocam acima da humanidade. Foi uma pessoa do bem e voltado para o bem. Tudo o que foi possível escrever sobre si, está muito aquém do que verdadeiramente representou para todos nós. Um fraternal abraço para você e toda sua família. Prof° Gilberto.
Mário Celso dos Anjos Oliveira Leite - 09 de março de 2013 - 18.02h
ResponderExcluirProfessor Gilberto, sou Mario Celso dos Anjos Oliveira Leite. Tive o privilégio de conviver com o nosso querido Silvio Espigão durante um bom tempo quando ainda morava na cidade de Taubaté. De todas as características que identificavam o nosso querido Silvio, a forma alegre de viver, o seu tremendo bom humor, sua simplicidade cativante, foram as que mais me conquistaram. Este nobre amigo jamais deixará meu coração, na figura dos filhos Marcelo e Andrea, pequeninas crianças à época, hoje adultos, alegres e felizes com suas famílias. Falar sobre o Silvio é rever uma jardim de alegrias, boas prosas, rever um irmão. Obrigado Gilberto por sua gentil homenagem.
Resposta: Gilberto da Costa Ferreira - 09 de março de 2013 - 21.45h
ResponderExcluirMário Celso! Quando você se refere "...pequeninas crianças à época, hoje adultos, alegres e felizes...", faz-me lembrar do amor que Jesus Cristo tem pelas criancinhas e que somente aqueles a quem as amam, podem compartilhar com o grande banquete oferecido pelo Criador. Foi por isso que Silvio teve a família que teve, e que na breve passagem entre nós, distribuiu amor a todos os que lhe acercavam, principalmente aos pequeninos, sua grande paixão, pois, ele era também, um dos pequeninos de Jesus. Um grande abraço, meu amigo desconhecido!. Profº Gilberto