terça-feira, 20 de agosto de 2013

OSWALDO CRISANTE XAVIER DOS SANTOS (22)



 PROFESSOR E ESCRITOR







UM GRANDE E SÁBIO ORADOR


Oswaldo Crisante Xavier dos Santos, possuidor de um espírito formoso e dotado de nobre caráter, é uma das maiores almas e um dos mais belos corações que tenho encontrado pela estrada da vida. Conheço-o de há muito, mas nossas ocupações do cotidiano são as barreiras dos desencontros diários. Como amigo, é daquele tipo que encontramos de século em século. De conduta ilibada, honesto e leal, Crisante torna-se referência para as amizades sinceras que tanto almejamos. Suas qualidades como escritor e compositor são sobejamente conhecidas. Para delinear algumas considerações sobre suas qualidades como orador, é preciso voltar os ponteiros do relógio do tempo neste ano, mais precisamente no dia 19 de fevereiro, ocasião em que Taubaté rendeu graças em homenagem ao Maestro Arranjador Ivanovich Paulo da Silva, conhecido nos meios artísticos como Maestro Ivan Paulo, tal como seu pai, o também famoso Maestro Ivan Paulo da Silva e natural de Taubaté, sendo de sua autoria o famoso Prefixo do Repórter Esso. 

Procurei por alguém que pudesse referenciar pelo homenageado, tendo recaído minhas atenções e lembranças ao amigo Crisante, profundo conhecedor de nossa música popular, sambista e compositor de primeira grandeza, tal como o Maestro Ivanovich. Maestro Ivanovich é autor de composições nos repertórios dos maiores cantores brasileiros, como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Moacyr Franco, Agnaldo Rayol, Wanderley Cardoso, Elza Soares, Jair Rodrigues, Clara Nunes, Agepê, Vanusa, Fafá de Belém, Joana, Toquinho, Ney Matogrosso, Luiz Ayrão, Marina Lima, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Alcione, Beth Carvalho e tantos outros. Atuou como regente de orquestra da TV Globo em programas como Globo de Ouro e Domingão do Faustão, além de vários musicais, destacando-se um dos especiais de fim de ano de Roberto Carlos. E, para esse mesmo cantor o acompanhou em sua turnê ao México e Buenos Ayres, como Regente de Orquestra. Escreveu trilhas incidentais para novelas da TV Globo e programas como Os Trapalhões. É de sua autoria o Tema de Abertura do Jornal Hoje. 
 
Como afirmou Beth Carvalho em sua mensagem de felicitações pelo recebimento do Título de Cidadão Taubateano, “ ...Ivan Paulo além de grande amigo meu há mais de 40 anos é um dos maiores Maestros que esse Brasil tem. Sabe tudo! Dificilmente surgirá outro igual”. Após as devidas considerações, apresento o discurso proferido por Oswaldo Crisante Xavier dos Santos, por ocasião daquela Solenidade. “Quem é assíduo telespectador do Faustão aos domingos, ou assiste esporadicamente, já deve ter ouvido o apresentador empostar a voz e fazer agradecimentos ao Maestro Ivanovich Paulo da Silva. A grandiosidade desse profissional garantiu-lhe o Título de Cidadão Taubateano e ele veio em 19 de fevereiro a Taubaté especialmente para receber a homenagem. A indicação foi do Professor e Historiador Gilberto da Costa Ferreira, e de autoria do Vereador Jeferson Campos. Tive a honra de ser um dos oradores e pude contar a trajetória desse grande Maestro e assim me referi: “Dizem os sábios que os músicos, os compositores e os poetas estão mais perto do Criador”. E é a pura realidade. Nada é por acaso. Tudo tem a ver, hoje é dia 19 de fevereiro e, Ivanovich nasceu no dia 19, no mês de agosto de 1937. Seu pai também nasceu no dia 19, em dezembro de 1910. Gilberto foi militar. O pai do Maestro, Ivan Paulo da Silva, também foi na linha dura militar, mas na sensibilidade da música. Seu instrumento, sua ferramenta, não foi só a carabina, mas também o seu trombone que executava com muita maestria. Seu pai foi um grande Maestro, passando por várias orquestras e compôs grandes melodias. Teve a honra de fazer o Prefixo Radiofônico do “Repórter Esso” que se perpetuou no tempo e marcou a radiofonia brasileira. Seu filho também fez o Tema de Abertura do Jornal Hoje, da TV Globo. Muita coincidência! Ivan Paulo da Silva deixou sua semente, o seu DNA que dispensa comentários em seu vasto currículo. O professor Gilberto estudou suas parcerias e composições, levou muito tempo e ainda não as completou. Com toda sua intimidade com seu amigo Maestro Ivanovich, levaria sem dúvida várias sessões para destrinchar sua carreira como Maestro e músico arranjador.

Vou fazer um pequeno resumo, do pouco que conheço desse fenômeno. Quem já não viu Ivanovich na TV, além do programa do Faustão, participação do especial de Roberto Carlos e em vários programas de grande audiência? Ele foi do erudito ao popular. Do Teatro Municipal aos arranjos de sambas de enredos. Nos Grandes Concertos dominou o público com seus acordes dissonantes. No popular encantou a multidão nos improvisos. É como compará-lo ao rei Pelé, que é da sua época e que também improvisava nas jogadas fazendo delirar a torcida, como faz hoje Messi e Neimar. O Maestro também passeava e bailava nos compassos da escala musical, da mesma forma. O Maestro Ivanovich foi de Noel a Chico Buarque de Holanda; de Roberto Carlos a Tim Maia, e até aos conjuntos populares de sambas e pagodes. E vale ressaltar que dois deles ainda estão comemorando a vitória da Escola de Samba de Vila Isabel que são Arlindo Cruz e Martinho da Vila, berço de Noel, onde seu pai foi convidado com muita honra a facilitar as partituras nas calçadas musicais da famosa Vila. E este Maestro, seu filho, também fez parceria com outro bamba da Vila, Martinho da Vila, que dia 20 de fevereiro, amanhã, portanto, estará no SESC de Taubaté. Com certeza, vou estar numa coletiva com ele e vou dar a notícia desse Maestro seu amigo com 75 anos, mas que já viveu 150 anos, mas tem um porte físico de 37 anos e que é o mais novo taubateano.

E você Maestro Ivanovich, leve para os seus entes queridos, para os seus músicos, onde estiver e diga: agora sou taubateano como meu pai. E com muito orgulho diga também, que você faz parte da galeria das grandes personalidades da Capital da Literatura Infantil, como Monteiro Lobato, Mazzaropi, Celly Campello, Anacleto Rosas Junior e tantos outros. Parabéns, MAESTRO IVANOVICH! Que Deus sempre abençoe a sua batuta. Nota: Ficam aqui expressas todas as felicitações ao meu amigo Crisante, leal e probo, e que jamais encontrei quem o conhecesse que não lhe quisesse bem. Uma grande alma e um coração incomparavelmente voltado para a alegria. 



O REGENTE DIVINO 



Descobrimos ao longo da vida que há algo que sempre nos encantam, nos enchem de magia e nos conduzem ao ápice da beleza e da alegria: a música. Posso dizer que é  um momento Divino.  E Deus me proporcionou poucas horas para ouvir, sentir e conhecer musicalmente  o Maestro João Carlos Martins,  que se apresentou no SESI de Taubaté, no último domingo ( 27), com a Bachiana Filarmônica SESI-SP. Estive na coletiva e, me emocionei ao estar tão perto de um ser humano humilde que, pela grandeza de seu trabalho, dedica parte de seu tempo aos jovens que não têm condições  financeiras de se aperfeiçoar na música. Durante sua apresentação foi muito aplaudido quando contou como concretizou o seu projeto. Um dia procurou na FIESP o seu presidente Paulo Skaf e pediu-lhe que o SESI adotasse um músico da orquestra. Quanto aos outros músicos, conseguiria com outras Federações. E Skaf pediu um tempo para pensar no assunto. O Maestro ficou preocupado  e, relatou que se não conseguisse na Fiesp o seu projeto morreria ali. Decorridos alguns dias, Skaf  lhe telefonou e disse que tinha duas notícias. Maestro tenho uma notícia ruim e uma boa. A ruim é que eu não posso assumir um músico. A boa, é que eu posso assumir a orquestra inteira. Esse foi um bom começo para quem tinha um projeto grandioso.



Na entrevista coletiva, minha pergunta também fez o Maestro  se emocionar, quando lembrei que ele foi manchete no Brasil, em todos os meios de comunicação, com o título “A Música venceu” quando desfilou pela Escola de Samba “Vai Vai” a famosa Saracura. Simultaneamente, Roberto Carlos desfilava pela Beija Flor de Nilópolis. No carnaval de 2011, as duas Escolas de Samba foram campeãs, ao exaltar a música na avenida. Sabendo do sucesso de sua cirurgia, que a cada dia volta a movimentar os dedos da mão direita, embora as notas musicais nunca se apagaram da sua consciência, com certeza voltará a brilhar nos grandes palcos dessa vida; não só regendo mas executando obras dos Grandes Mestres.   Pedi, então, que explicasse como se deu  o acidente nos Estados Unidos, quando treinava na Portuguesa de Desportos, que  é  sua paixão no futebol. E ele respondeu que já havia contraído a moléstia, o tombo foi fatal. Ele bateu com a cabeça, atingindo um nervo do  cérebro, complicando mais a situação. Assim, afastou-se dos palcos por um determinado tempo.  A superação, a dedicação e a determinação falaram mais alto e o Maestro se tornou um anjo regente. Sim, posso afirmar  que os Grandes Mestres, os avatares que por aqui passaram, disseram: Os músicos, os compositores e os poetas estão mais próximos do Criador.



Os cientistas  e os físicos afirmam que o nosso Universo é conduzido por cordas aspirais, como se fossem cordas musicais. Tudo é uma sinfonia, que se produz em harmonia e tudo caminha através dos sons melódicos. Tem sentido e, nos  dias atuais não se nega mais nada. Tudo é um mundo de possibilidades dentro da lei quântica. Hoje, o povo pode conhecer melhor o grande regente, que com perseverança e  amor pela música o conduziu a reger grandes orquestras.   Ainda temos o privilégio de ouvi-lo tocando no piano, com apenas dois dedos, a obra de seu ídolo, Johan Sebastian Back. O amor pela música o levou a desenvolver projetos com  grupo de jovens músicos e, Tremembé foi a mais recente apadrinhada. Sua meta é conseguir 1000 projetos sociais por esse Brasil afora. E vai conseguir, porque ele é divino.  No momento em que  entra em cena, se torna um anjo e, com sua sabedoria contagia seus  músicos e  seu público. Tem-se a sensação de que ele vem com uma retaguarda de querubins e produz  um coro em notas musicais, tornando a melodia mais sonora, mais eficaz e com tamanha energia. Acredito que só podem ver os querubins, quem ama. E eles, com certeza,  auxiliam o Maestro  para que cumpra a sua missão nesta vida terrena.



O POETA DO SUPREMO



Vivemos num país justo e democrático, por conta de haver homens de brio que agem comprometidos com sua própria consciência. Se todos assim agissem, acredito que o mundo seria bem diferente. Sinto orgulho de poder enumerar as virtudes de um homem que vem de uma cidadezinha chamada Propriá (SE) para ser o presidente do STF, com um currículo de causar inveja, sendo autor de diversas obras jurídicas e de poesias. É membro da Academia Brasileira de Letra Jurídica e da Academia Sergipana de Letras. Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto é um autêntico brasileiro, um brasileiro que após cumprir o seu mandato de presidente do Supremo Tribunal Federal, tem uma saída triunfal. Ele, ao completar 70 anos em 18 de novembro de 2012, deixará o seu posto com galhardia e, sem dúvida, será a semente da ressurreição para um novo amanhecer dentro do STF, juntamente com os ministros que o acompanharam no seu modo de pensar. Quando tomou posse como presidente do supremo, abriu o discurso com uma frase de Thomas Stearns Eliot, que vem de encontro com sua personalidade: “Eu disse a minha alma, fica tranquila e espera. Até que as trevas sejam luz e a quietude seja dança.” Num dos trechos do discurso, falou sobre a responsabilidade de julgar. Que não se deve confundir jamais o papel de julgador com o de parte processual, pois o fato é que juiz e parte são como água e óleo, Não se misturam. E, ainda acrescentou: ”Quem tem o rei na barriga, um dia morre de parto.”  Para ele, o Juiz não é traça de processo, não é ácaro de gabinete e, por isso, sem fugir das provas dos autos nem se tornar refém da opinião pública. Desta forma, dá uma demonstração de que o cargo do supremo não é um cargo de confiança, como muitos pensam.



Com um espírito de poeta, falando em versos e em prosas, riscou o Salão do Supremo em poesia, versejando  em alto e em bom tom, porque assumia a presidência do STF, com mais uma afirmação de um comandante. __ Não sou como camaleão que busca lençóis em plena luz do dia. Sou como pirilampo que, na mais densa noite, se anuncia. Falou da democracia, enfim, que se enlaça tão intimamente à liberdade de imprensa, que “romper esse cordão umbilical é matar as duas: A imprensa e a democracia”. Democracia que deve se manter com “plena liberdade de informação jornalística”, uma relação de unha e carne, de olho e pálpebra, de veia e sangue. Fez uma comparação entre a Justiça e a Sentença: ___ A Justiça, uma palavra feminina, também não sendo por coincidência que o substantivo sentença venha do verbo sentir, na linha do que falou o sergipano Tobias Barreto: “Direito não é só uma coisa que se sabe, mas também uma coisa que se sente”. Trocando em miúdos: Quem não começa pelo amor, não vai à filosofia alguma. Não sabemos a surpresa do seu discurso de despedida, mas encerrará com Chave de Ouro. Como fez em sua posse, quando falou da harmonia de sua família, que se fazia presente, e o amor de sua vida, Rita de Cássia, sua esposa e companheira. “Ponho os meus olhos nos olhos de Rita, mulher com quem durmo e acordo e, que também é a mulher dos meus sonhos”, desabafou emocionado.



E, encerrou lembrando quando se conheceram como se fosse a cereja do bolo “rubro como a pele das manhãs, como o talo das madrugadas, doce como o gosto da minha vida, Rita ao seu lado desde então”. E, filosofou profundamente ao pronunciar o   seu último verso, na posse: “A silhueta da verdade só assenta em vestidos transparentes.” Na sua última sessão, na saída do STF, cercado pela imprensa, disse: ”Passei por aqui e não perdi a viagem.  Com certeza foi mesmo uma viagem de alma e não uma viagem de ego”. E, finalizou: “A toga gostou dos meus ombros”.

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QUANDO A POETIZA NOS DEIXOU.

Cumprindo  sua missão com muita galhardia e, dando um show na escola da vida, Lygia Therezinha Fumagalli Ambrogi, nos deixou no dia 10 de março de 2012. Com seus 97 anos bem vividos, ela  se destacou em todos os seguimentos em que participou como professora, jornalista, escritora, advogada e poetiza. Com certeza, ela  já faz parte dos grandes personagens que passaram por essa terra de  Monteiro Lobato, e seu nome será perpetuado na galeria dos heróis e heroínas de nossa Taubaté. Nasceu em Deodoro, hoje Piraquara-PR, em 1915, mas se tornou taubateana em 1967, quando recebeu o Título de Cidadã pelos serviços prestados nesta terra que sempre amou. Filha do Cel Walfrido Fumagalli e  da professora Maria Eliza da Silva Fumagalli, mostrou o seu arrojo participando da Revolução Constitucionalista de 1932 e, foi Comandante do Batalhão Feminino. E, em todos os lugares pelos quais passou deixou saudades. Mas a sua simplicidade foi a sua marca registrada. Nessa área superou todas as expectativas de um ser humano, principalmente nos trabalhos prestados em nossa cidade, quando aqui chegou aos seus dezoito anos. Assistindo ao programa da TV Cidade, gravado em março do ano passado, quando  foi entrevistado pelos jornalistas Celso Brum, Iara Carvalho e o professor Osmar Barbosa, é que a gente sente a veracidade de suas palavras e a firmeza do seu caráter, pois a personalidade de cada pessoa está na expressão dos seus pensamentos.

No meio da entrevista, ela citou o seu amigo Coronel Domício Silveira da cidade de Bauru, quando da sua participação no projeto Rondon na Amazônia, como advogada no ano de 1975. Lembrei-me dessa personagem marcante, sem nunca ter conversado com ela, mas estive presente em três tempos diferentes da sua vida, acompanhando o seu trabalho. No primeiro momento, quando ainda menino estudava no Grupo Escolar “Dr Quirino” no bairro da Estiva, quando a vi pela primeira vez. Estava ela junto com dona  Ondina Amadei  Beringhs, quando desempenhava o projeto da Casa  da Criança e, ainda me lembro de quando cantamos uma quadra dedicada à dona Ondina, que dizia: “Um, dois, três, Quatro, cinco, seis, Sete, oito, nove, para Doze faltam três.  Casinha de Bambu-Ê, casinha de bambu-Â.  Dona Ondina, Dona Ondina”. Quem estudou naquela época se lembra dessa passagem.

A segunda aconteceu na época em que morei  em Bauru, jogando futebol pelo Noroeste e estudando na Faculdade de Educação Física da (ITE).  O coronel  Domício  Silveira, amigo de Lygia,  era meu professor e paraninfo da turma de 1970.  E como sempre mantinha contato com ele, me indicou para o projeto Marechal Rondon, quando eu já estava residindo novamente em Taubaté. Ele sempre falava muito de seus amigos que aqui residiam, como o  coronel Irahyba de Paula Rosa, que foi meu padrinho de casamento e, principalmente, de Lygia, pela amizade de longo tempo. O terceiro momento há pouco tempo, quando comecei a escrever nesse periódico e, lendo suas matérias e suas poesias. Ela sempre teve  intimidade com as rimas dos seus versos e, mais, viajava nas asas da poesia  chegando perto do Criador, onde outros homens comuns não podiam chegar. Para ela o verde era mais verde;  o azul mais azul; as estrelas suas guias, como o Cruzeiro do Sul. Fez o Sol beijar a Lua em noites de serestas e boemia. E fez da vida um romance com seu amor Dr. Cesidio Ambrogi, trocando bilhetes quase todos os dias, fazendo aqui o seu paraíso terrestre. Quero deixar a minha singela homenagem com duas quadrinhas.

I
Você nesse mundo terreno
Além de tudo foi poetiza.
Tão leve, suave, como a pluma
No orvalho, na relva, na brisa.

II
Será  de porte e nobreza
Nessa outra dimensão.
Estrela de primeira grandeza
Brilhando na imensidão.

 

MANDELA.

A imagem de Mandela estampa as capas das revistas do mundo  inteiro, como no Brasil, com destaque na Veja, Época e Isto É.  Assim, o Mundo continua reverenciando o líder africano, que mesmo depois  de morto, longe de nossas vistas, está perto dos nossos corações. São cenas nunca antes vistas na história de um estadista, onde mais de 90 autoridades que representaram seus países se fizeram presentes  no cerimonial fúnebre. Todavia, Mandela vibraria novamente com o povo que lotou o estádio de Johanesburgo, esse povo que aprendeu a respeitar esse  líder político, enquanto o atual presidente da África do Sul, Zuma, foi vaiado pelo mesmo povo, que soube diferenciar seus governos. Como deve ser gratificante discursar para um homem que foi endeusado pelo seu povo, marcou a história da África do Sul e foi  reconhecido no mundo inteiro. Teve os seus momentos de ódio e raiva, quando esteve encarcerado por 27 anos pela luta contra a Apartheid, e saiu para ser o presidente da África do Sul, que serviu para apagar  essa mágoa, e deixou o exemplo de um legado inestimável de um líder que abraçou a paz e construiu uma nação.

Mandela foi o primeiro presidente negro de um país de esmagadora  maioria de sua raça, pobres, miseráveis. Hoje, dentre os vários oradores do mundo inteiro, um deles, o primeiro americano negro presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o homem mais  poderoso do mundo, não precisou ter uma retórica rebuscada para elogiar o grande líder. Com muita admiração reverenciou o ex-presidente africano num discurso emocionante, fazendo a plateia delirar com suas palavras: "Mandela  teve o poder das ideias e atitudes, foi o gigante na história, um  gigante do século XX”. E foi novamente aplaudido quando citou Zulus, outras tribos e povos de variados dialetos e, acrescentou que Mandela criou plataformas  para que homens e mulheres pudessem lutar com dignidade e “pagou um alto preço e estava preparado para a morte”. A cada frase de Obama, o povo aplaudia com a alma e o coração pelo amor que tem por Madiba, que estará eternizado em suas memórias e passará para outras gerações que  virão. O Brasil também levou o seu recado de solidariedade ao povo africano, representado pela presidente Dilma e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso, Color de Melo, Luiz Inácio da Silva e  Sarney. A festa mesmo aconteceu antes da cerimônia oficial. Logo pela  manhã, às 5 h o trem partiu para o estádio de Johanesburgo e os grupos  se encontraram e cantaram. E, em cada curva surgia uma frase, como “Mandela pai de todos”. Às 7 h, já no estádio, o povo emocionado cantava, dançava e ovacionava com muita vibração o nome do grande  líder.

Nelson Mandela trouxe a democracia, o povo é o dono da festa entre  brancos e negros numa só voz, sem parar um instante. A cerimônia mostrou a força desse homem extraordinário. A caminhada do povo para dar sua última despedida ao seu líder demorou  horas, nos remete ao título do livro que escreveu "Uma longa caminhada para a liberdade". Mas, o povo não arredou um passo e  permaneceria por quanto tempo fosse necessário. Ele deixou o exemplo todos leiam sua cartilha, mas que também pratiquem, que é mais importante. Uma pequena observação, os discursos citavam os três pontos destacados por Mandela: “Educação, corrupção e a paz”. Quanto paradoxo! Aqui no Brasil a Educação perece e está longe em comparação com as nações desenvolvidas. A “corrupção” que parte dos nossos governantes  se alastra pelo país. E, quanto à “paz”, assistimos pela televisão confronto entre os torcedores numa batalha feroz. E tudo em nome do futebol, que é a nossa paixão nacional. Acorda Brasil! Vamos ler a cartilha de Nelson Mandela.




             O SAMBA PEDE PASSAGEM   -  (HOMENAGEM A JAIR RODRIGUES).




O Samba está de luto. A Voz que saudou o morro e encantou o Brasil se despede aos 75 anos de idade muito bem vividos. Um ser maravilhoso que trazia no semblante um sorriso maroto, brincalhão, um verdadeiro menino, que soube ser parceiro dessa vida terrena. Caminhou de mãos dadas com a vida por todos os lugares que passou e teve a reciprocidade do povo que sempre o adorou. Ele trazia a alegria no sorriso e sabemos que rir traz a felicidade, principalmente desse povo sofrido que nos momentos de futebol e do samba  é que ele se descontrai, esquecendo o seu dia a dia, das lutas e labutas. Foi do samba raiz, da seresta, do sertanejo ao rap, na bossa nova mandou o seu recado com sua parceira Elis Regina. 

Nasceu em Igarapava (SP), divisa com o estado de Minas Gerais. E quando  perguntaram numa entrevista se ele não fosse cantor, o que ele seria, ele respondeu que tentaria a vida toda para ser cantor, seu sonho de consumo. Fica o recado de “Quem acredita no sonho constrói a realidade”. Tive a oportunidade, na juventude, de jogar futebol contra ele, em Tabatinga-SP, na festa da cidade e posso afirmar que como jogador foi um grande sambista. Mas, até no campo ele era majestade fazendo descontrair todos os boleiros, fazendo como de costume aquela palhaçada. Seu apelido “Cachorrão”, como era chamado por Elis. Coincidência ou não, há pouco tempo estive com Jair, quando ele se apresentou em Taubaté e fui autor do samba-enredo do Ametra, que o  homenageou. Na avenida o povo pode cantar junto com o grande intérprete da música popular brasileira o samba que conta sua vida. Hoje, com certeza, a festa vai ser de arromba no céu. Com seus parceiros todos preparados na espera com um coro de anjos e querubins, ao som de orquestras e a bateria de mestre André (Pe Miguel) com cavaco, pandeiro, tamborim e muitas cabrochas. E a alegria vai ser geral. Segue a letra em homenagem ao grande cantor.

         
(Introdução)

Prepare seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho de Igarapava
Da fronteira divisão
E sei que vou lhe agradar
Porque na Ametra vou desfilar

Lá vem Ametra dando um show na passarela
Toda vaidosa de novo Para sacudir a avenida do povo
Prepare seu coração
Vem ver o artista que ela vai mostrar

Vem amor
Vem sambar (bis)
Vem ver o sambista
Que cantou o sabiá

Jair Rodrigues
Hoje volta a ser criança
É bom na ginga e diz no pé
É Igarapava é Taubaté

Viajando no chão de estrelas
E tomou banho no luar do sertão
Viu o menino da porteira
Que disparou seu coração

Foi seresteiro e parceiro de Elis
Na Bossa Nova cantou o Happy e Raiz
Saudou o morro e encantou a multidão
Quanta emoção com os pequeninos vem cantar esse refrão

Já Já Já Cachorrão
Salve esse menino do bicho papão (bis)



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PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO. 
cfgilberto@yahoo.com.br
 

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