PROFESSOR
E ESCRITOR
UM GRANDE E SÁBIO ORADOR
Oswaldo Crisante Xavier
dos Santos, possuidor de um espírito formoso e dotado de nobre caráter, é uma
das maiores almas e um dos mais belos corações que tenho encontrado pela
estrada da vida. Conheço-o de há muito, mas nossas ocupações do cotidiano são
as barreiras dos desencontros diários. Como amigo, é daquele tipo que
encontramos de século em século. De conduta ilibada, honesto e leal, Crisante
torna-se referência para as amizades sinceras que tanto almejamos. Suas
qualidades como escritor e compositor são sobejamente conhecidas. Para delinear
algumas considerações sobre suas qualidades como orador, é preciso voltar os
ponteiros do relógio do tempo neste ano, mais precisamente no dia 19 de
fevereiro, ocasião em que Taubaté rendeu graças em homenagem ao Maestro
Arranjador Ivanovich Paulo da Silva, conhecido nos meios artísticos como
Maestro Ivan Paulo, tal como seu pai, o também famoso Maestro Ivan Paulo da
Silva e natural de Taubaté, sendo de sua autoria o famoso Prefixo do Repórter
Esso.
Procurei por alguém que pudesse referenciar pelo homenageado, tendo recaído minhas atenções e lembranças ao amigo Crisante, profundo conhecedor de nossa música popular, sambista e compositor de primeira grandeza, tal como o Maestro Ivanovich. Maestro Ivanovich é autor de composições nos repertórios dos maiores cantores brasileiros, como Ângela Maria, Cauby Peixoto, Moacyr Franco, Agnaldo Rayol, Wanderley Cardoso, Elza Soares, Jair Rodrigues, Clara Nunes, Agepê, Vanusa, Fafá de Belém, Joana, Toquinho, Ney Matogrosso, Luiz Ayrão, Marina Lima, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila, Alcione, Beth Carvalho e tantos outros. Atuou como regente de orquestra da TV Globo em programas como Globo de Ouro e Domingão do Faustão, além de vários musicais, destacando-se um dos especiais de fim de ano de Roberto Carlos. E, para esse mesmo cantor o acompanhou em sua turnê ao México e Buenos Ayres, como Regente de Orquestra. Escreveu trilhas incidentais para novelas da TV Globo e programas como Os Trapalhões. É de sua autoria o Tema de Abertura do Jornal Hoje.
Como afirmou Beth
Carvalho em sua mensagem de felicitações pelo recebimento do Título de Cidadão
Taubateano, “ ...Ivan Paulo além de grande amigo meu há mais de 40 anos é um
dos maiores Maestros que esse Brasil tem. Sabe tudo! Dificilmente surgirá outro
igual”. Após as devidas considerações, apresento o discurso proferido por
Oswaldo Crisante Xavier dos Santos, por ocasião daquela Solenidade. “Quem é assíduo
telespectador do Faustão aos domingos, ou assiste esporadicamente, já deve ter
ouvido o apresentador empostar a voz e fazer agradecimentos ao Maestro
Ivanovich Paulo da Silva. A grandiosidade desse profissional garantiu-lhe o
Título de Cidadão Taubateano e ele veio em 19 de fevereiro a Taubaté
especialmente para receber a homenagem. A indicação foi do Professor e
Historiador Gilberto da Costa Ferreira, e de autoria do Vereador Jeferson
Campos. Tive a honra de ser um dos oradores e pude contar a trajetória desse
grande Maestro e assim me referi: “Dizem os sábios que os músicos, os
compositores e os poetas estão mais perto do Criador”. E é a pura realidade.
Nada é por acaso. Tudo tem a ver, hoje é dia 19 de fevereiro e, Ivanovich
nasceu no dia 19, no mês de agosto de 1937. Seu pai também nasceu no dia 19, em
dezembro de 1910. Gilberto foi militar. O pai do Maestro, Ivan Paulo da Silva,
também foi na linha dura militar, mas na sensibilidade da música. Seu
instrumento, sua ferramenta, não foi só a carabina, mas também o seu trombone
que executava com muita maestria. Seu pai foi um grande Maestro, passando por
várias orquestras e compôs grandes melodias. Teve a honra de fazer o Prefixo
Radiofônico do “Repórter Esso” que se perpetuou no tempo e marcou a radiofonia
brasileira. Seu filho também fez o Tema de Abertura do Jornal Hoje, da TV
Globo. Muita coincidência! Ivan Paulo da Silva deixou sua semente, o seu DNA
que dispensa comentários em seu vasto currículo. O professor Gilberto estudou
suas parcerias e composições, levou muito tempo e ainda não as completou. Com
toda sua intimidade com seu amigo Maestro Ivanovich, levaria sem dúvida várias
sessões para destrinchar sua carreira como Maestro e músico arranjador.
Vou fazer um pequeno
resumo, do pouco que conheço desse fenômeno. Quem já não viu Ivanovich na TV,
além do programa do Faustão, participação do especial de Roberto Carlos e em
vários programas de grande audiência? Ele foi do erudito ao popular. Do Teatro
Municipal aos arranjos de sambas de enredos. Nos Grandes Concertos dominou o
público com seus acordes dissonantes. No popular encantou a multidão nos
improvisos. É como compará-lo ao rei Pelé, que é da sua época e que também
improvisava nas jogadas fazendo delirar a torcida, como faz hoje Messi e Neimar.
O Maestro também passeava e bailava nos compassos da escala musical, da mesma
forma. O Maestro Ivanovich foi de Noel a Chico Buarque de Holanda; de Roberto
Carlos a Tim Maia, e até aos conjuntos populares de sambas e pagodes. E vale
ressaltar que dois deles ainda estão comemorando a vitória da Escola de Samba
de Vila Isabel que são Arlindo Cruz e Martinho da Vila, berço de Noel, onde seu
pai foi convidado com muita honra a facilitar as partituras nas calçadas
musicais da famosa Vila. E este Maestro, seu filho, também fez parceria com
outro bamba da Vila, Martinho da Vila, que dia 20 de fevereiro, amanhã,
portanto, estará no SESC de Taubaté. Com certeza, vou estar numa coletiva com
ele e vou dar a notícia desse Maestro seu amigo com 75 anos, mas que já viveu
150 anos, mas tem um porte físico de 37 anos e que é o mais novo taubateano.
E você Maestro
Ivanovich, leve para os seus entes queridos, para os seus músicos, onde estiver
e diga: agora sou taubateano como meu pai. E com muito orgulho diga também, que
você faz parte da galeria das grandes personalidades da Capital da Literatura
Infantil, como Monteiro Lobato, Mazzaropi, Celly Campello, Anacleto Rosas
Junior e tantos outros. Parabéns, MAESTRO IVANOVICH! Que Deus sempre abençoe a
sua batuta. Nota: Ficam aqui expressas todas as felicitações ao meu amigo
Crisante, leal e probo, e que jamais encontrei quem o conhecesse que não lhe
quisesse bem. Uma grande alma e um coração incomparavelmente voltado para a
alegria.
O REGENTE DIVINO
Descobrimos ao longo da
vida que há algo que sempre nos encantam, nos enchem de magia e nos conduzem ao
ápice da beleza e da alegria: a música. Posso dizer que é um momento
Divino. E Deus me proporcionou poucas horas para ouvir, sentir e conhecer
musicalmente o Maestro João Carlos Martins, que se apresentou no
SESI de Taubaté, no último domingo ( 27), com a Bachiana Filarmônica SESI-SP.
Estive na coletiva e, me emocionei ao estar tão perto de um ser humano humilde
que, pela grandeza de seu trabalho, dedica parte de seu tempo aos jovens que
não têm condições financeiras de se aperfeiçoar na música. Durante sua
apresentação foi muito aplaudido quando contou como concretizou o seu projeto.
Um dia procurou na FIESP o seu presidente Paulo Skaf e pediu-lhe que o SESI
adotasse um músico da orquestra. Quanto aos outros músicos, conseguiria com
outras Federações. E Skaf pediu um tempo para pensar no assunto. O Maestro
ficou preocupado e, relatou que se não conseguisse na Fiesp o seu
projeto morreria ali. Decorridos alguns dias, Skaf lhe telefonou e disse
que tinha duas notícias. Maestro tenho uma notícia ruim e uma boa. A ruim é que
eu não posso assumir um músico. A boa, é que eu posso assumir a orquestra
inteira. Esse foi um bom começo para quem tinha um projeto grandioso.
Na entrevista coletiva,
minha pergunta também fez o Maestro se emocionar, quando lembrei que ele
foi manchete no Brasil, em todos os meios de comunicação, com o título “A
Música venceu” quando desfilou pela Escola de Samba “Vai Vai” a famosa
Saracura. Simultaneamente, Roberto Carlos desfilava pela Beija Flor de
Nilópolis. No carnaval de 2011, as duas Escolas de Samba foram campeãs, ao
exaltar a música na avenida. Sabendo do sucesso de sua cirurgia, que a cada dia
volta a movimentar os dedos da mão direita, embora as notas musicais nunca se
apagaram da sua consciência, com certeza voltará a brilhar nos grandes palcos
dessa vida; não só regendo mas executando obras dos Grandes Mestres.
Pedi, então, que explicasse como se deu o acidente nos Estados
Unidos, quando treinava na Portuguesa de Desportos, que é sua
paixão no futebol. E ele respondeu que já havia contraído a moléstia, o tombo
foi fatal. Ele bateu com a cabeça, atingindo um nervo do cérebro,
complicando mais a situação. Assim, afastou-se dos palcos por um determinado
tempo. A superação, a dedicação e a determinação falaram mais alto e o
Maestro se tornou um anjo regente. Sim, posso afirmar que os Grandes
Mestres, os avatares que por aqui passaram, disseram: Os músicos, os
compositores e os poetas estão mais próximos do Criador.
Os cientistas e os
físicos afirmam que o nosso Universo é conduzido por cordas aspirais, como
se fossem cordas musicais. Tudo é uma sinfonia, que se produz em harmonia e
tudo caminha através dos sons melódicos. Tem sentido e, nos dias atuais
não se nega mais nada. Tudo é um mundo de possibilidades dentro da lei
quântica. Hoje, o povo pode conhecer melhor o grande regente, que com
perseverança e amor pela música o conduziu a reger grandes
orquestras. Ainda temos o privilégio de ouvi-lo tocando no piano,
com apenas dois dedos, a obra de seu ídolo, Johan Sebastian Back. O amor pela
música o levou a desenvolver projetos com grupo de jovens músicos e,
Tremembé foi a mais recente apadrinhada. Sua meta é conseguir 1000 projetos
sociais por esse Brasil afora. E vai conseguir, porque ele é divino. No
momento em que entra em cena, se torna um anjo e, com sua sabedoria
contagia seus músicos e seu público. Tem-se a sensação de que
ele vem com uma retaguarda de querubins e produz um coro em notas
musicais, tornando a melodia mais sonora, mais eficaz e com tamanha energia.
Acredito que só podem ver os querubins, quem ama. E eles, com
certeza, auxiliam o Maestro para que cumpra a sua missão nesta
vida terrena.
O POETA DO SUPREMO
Vivemos num país justo e
democrático, por conta de haver homens de brio que agem comprometidos com sua
própria consciência. Se todos assim agissem, acredito que o mundo seria bem
diferente. Sinto orgulho de poder enumerar as virtudes de um homem que vem de
uma cidadezinha chamada Propriá (SE) para ser o presidente do STF, com um
currículo de causar inveja, sendo autor de diversas obras jurídicas e de
poesias. É membro da Academia Brasileira de Letra Jurídica e da Academia
Sergipana de Letras. Carlos Augusto Ayres de Freitas Britto é um autêntico
brasileiro, um brasileiro que após cumprir o seu mandato de presidente do
Supremo Tribunal Federal, tem uma saída triunfal. Ele, ao completar 70 anos em
18 de novembro de 2012, deixará o seu posto com galhardia e, sem dúvida, será a
semente da ressurreição para um novo amanhecer dentro do STF, juntamente com os
ministros que o acompanharam no seu modo de pensar. Quando tomou posse
como presidente do supremo, abriu o discurso com uma frase de Thomas Stearns
Eliot, que vem de encontro com sua personalidade: “Eu disse a minha alma, fica
tranquila e espera. Até que as trevas sejam luz e a quietude seja dança.” Num
dos trechos do discurso, falou sobre a responsabilidade de julgar. Que não se
deve confundir jamais o papel de julgador com o de parte processual, pois o
fato é que juiz e parte são como água e óleo, Não se misturam. E, ainda acrescentou:
”Quem tem o rei na barriga, um dia morre de parto.” Para ele, o Juiz
não é traça de processo, não é ácaro de gabinete e, por isso, sem fugir das
provas dos autos nem se tornar refém da opinião pública. Desta forma, dá uma
demonstração de que o cargo do supremo não é um cargo de confiança, como muitos
pensam.
Com um espírito de
poeta, falando em versos e em prosas, riscou o Salão do Supremo em poesia,
versejando em alto e em bom tom, porque assumia a presidência do
STF, com mais uma afirmação de um comandante. __ Não sou como camaleão que
busca lençóis em plena luz do dia. Sou como pirilampo que, na mais densa noite,
se anuncia. Falou da democracia, enfim, que se enlaça tão intimamente à
liberdade de imprensa, que “romper esse cordão umbilical é matar as duas: A
imprensa e a democracia”. Democracia que deve se manter com “plena liberdade de
informação jornalística”, uma relação de unha e carne, de olho e pálpebra, de
veia e sangue. Fez uma comparação entre a Justiça e a Sentença: ___ A Justiça, uma
palavra feminina, também não sendo por coincidência que o substantivo sentença
venha do verbo sentir, na linha do que falou o sergipano Tobias Barreto:
“Direito não é só uma coisa que se sabe, mas também uma coisa que se sente”.
Trocando em miúdos: Quem não começa pelo amor, não vai à filosofia alguma. Não
sabemos a surpresa do seu discurso de despedida, mas encerrará com Chave de
Ouro. Como fez em sua posse, quando falou da harmonia de sua família, que se
fazia presente, e o amor de sua vida, Rita de Cássia, sua esposa e companheira.
“Ponho os meus olhos nos olhos de Rita, mulher com quem durmo e acordo e, que
também é a mulher dos meus sonhos”, desabafou emocionado.
E, encerrou lembrando
quando se conheceram como se fosse a cereja do bolo “rubro como a pele das
manhãs, como o talo das madrugadas, doce como o gosto da minha vida, Rita ao
seu lado desde então”. E, filosofou profundamente ao pronunciar
o seu último verso, na posse: “A silhueta da verdade só
assenta em vestidos transparentes.” Na sua última sessão, na saída do STF,
cercado pela imprensa, disse: ”Passei por aqui e não perdi a
viagem. Com certeza foi mesmo uma viagem de alma e não uma viagem de
ego”. E, finalizou: “A toga gostou dos meus ombros”.
*******
QUANDO A POETIZA NOS
DEIXOU.
Cumprindo sua
missão com muita galhardia e, dando um show na escola da vida, Lygia Therezinha
Fumagalli Ambrogi, nos deixou no dia 10 de março de 2012. Com seus 97 anos
bem vividos, ela se destacou em todos os seguimentos em que participou
como professora, jornalista, escritora, advogada e poetiza. Com certeza,
ela já faz parte dos grandes personagens que passaram por essa terra
de Monteiro Lobato, e seu nome será perpetuado na galeria dos heróis
e heroínas de nossa Taubaté. Nasceu em Deodoro, hoje Piraquara-PR, em
1915, mas se tornou taubateana em 1967, quando recebeu o Título de Cidadã pelos
serviços prestados nesta terra que sempre amou. Filha do Cel Walfrido Fumagalli
e da professora Maria Eliza da Silva Fumagalli, mostrou o seu arrojo
participando da Revolução Constitucionalista de 1932 e, foi Comandante do
Batalhão Feminino. E, em todos os lugares pelos quais passou deixou saudades.
Mas a sua simplicidade foi a sua marca registrada. Nessa área superou todas as
expectativas de um ser humano, principalmente nos trabalhos prestados em nossa
cidade, quando aqui chegou aos seus dezoito anos. Assistindo ao programa da TV
Cidade, gravado em março do ano passado, quando foi entrevistado pelos
jornalistas Celso Brum, Iara Carvalho e o professor Osmar Barbosa, é que a
gente sente a veracidade de suas palavras e a firmeza do seu caráter, pois a
personalidade de cada pessoa está na expressão dos seus pensamentos.
No meio da entrevista,
ela citou o seu amigo Coronel Domício Silveira da cidade de Bauru, quando da
sua participação no projeto Rondon na Amazônia, como advogada no ano de 1975.
Lembrei-me dessa personagem marcante, sem nunca ter conversado com ela, mas
estive presente em três tempos diferentes da sua vida, acompanhando o seu
trabalho. No primeiro momento, quando ainda menino estudava no Grupo Escolar
“Dr Quirino” no bairro da Estiva, quando a vi pela primeira vez. Estava ela
junto com dona Ondina Amadei Beringhs, quando
desempenhava o projeto da Casa da Criança e, ainda me lembro de
quando cantamos uma quadra dedicada à dona Ondina, que dizia: “Um, dois, três,
Quatro, cinco, seis, Sete, oito, nove, para Doze faltam três. Casinha de
Bambu-Ê, casinha de bambu-Â. Dona Ondina, Dona Ondina”. Quem estudou
naquela época se lembra dessa passagem.
A segunda aconteceu na
época em que morei em Bauru, jogando futebol pelo Noroeste e estudando na
Faculdade de Educação Física da (ITE). O
coronel Domício Silveira, amigo de Lygia, era meu
professor e paraninfo da turma de 1970. E como sempre mantinha contato
com ele, me indicou para o projeto Marechal Rondon, quando eu já estava
residindo novamente em Taubaté. Ele sempre falava muito de seus amigos que aqui
residiam, como o coronel Irahyba de Paula Rosa, que foi meu padrinho
de casamento e, principalmente, de Lygia, pela amizade de longo tempo. O
terceiro momento há pouco tempo, quando comecei a escrever nesse periódico e,
lendo suas matérias e suas poesias. Ela sempre teve intimidade com as
rimas dos seus versos e, mais, viajava nas asas da poesia chegando
perto do Criador, onde outros homens comuns não podiam chegar. Para ela o verde
era mais verde; o azul mais azul; as estrelas suas guias, como o Cruzeiro
do Sul. Fez o Sol beijar a Lua em noites de serestas e boemia. E fez da vida um
romance com seu amor Dr. Cesidio Ambrogi, trocando bilhetes quase todos os
dias, fazendo aqui o seu paraíso terrestre. Quero deixar a minha singela
homenagem com duas quadrinhas.
I
Você nesse mundo terreno
Além de tudo foi
poetiza.
Tão leve, suave, como a
pluma
No orvalho, na relva, na
brisa.
II
Será de porte
e nobreza
Nessa outra dimensão.
Estrela de primeira
grandeza
Brilhando na imensidão.
MANDELA.
A imagem de Mandela estampa as capas das revistas do mundo inteiro, como no Brasil, com destaque na Veja, Época e Isto É. Assim, o Mundo continua reverenciando o líder africano, que mesmo depois de morto, longe de nossas vistas, está perto dos nossos corações. São cenas nunca antes vistas na história de um estadista, onde mais de 90 autoridades que representaram seus países se fizeram presentes no cerimonial fúnebre. Todavia, Mandela vibraria novamente com o povo que lotou o estádio de Johanesburgo, esse povo que aprendeu a respeitar esse líder político, enquanto o atual presidente da África do Sul, Zuma, foi vaiado pelo mesmo povo, que soube diferenciar seus governos. Como deve ser gratificante discursar para um homem que foi endeusado pelo seu povo, marcou a história da África do Sul e foi reconhecido no mundo inteiro. Teve os seus momentos de ódio e raiva, quando esteve encarcerado por 27 anos pela luta contra a Apartheid, e saiu para ser o presidente da África do Sul, que serviu para apagar essa mágoa, e deixou o exemplo de um legado inestimável de um líder que abraçou a paz e construiu uma nação.
Mandela foi o primeiro
presidente negro de um país de esmagadora maioria de sua raça, pobres,
miseráveis. Hoje, dentre os vários oradores do mundo inteiro, um deles, o
primeiro americano negro presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o homem
mais poderoso do mundo, não precisou ter uma retórica rebuscada para
elogiar o grande líder. Com muita admiração reverenciou o ex-presidente
africano num discurso emocionante, fazendo a plateia delirar com suas palavras:
"Mandela teve o poder das ideias e atitudes, foi o gigante na
história, um gigante do século XX”. E foi novamente aplaudido quando
citou Zulus, outras tribos e povos de variados dialetos e, acrescentou que
Mandela criou plataformas para que homens e mulheres pudessem lutar com
dignidade e “pagou um alto preço e estava preparado para a morte”. A cada frase
de Obama, o povo aplaudia com a alma e o coração pelo amor que tem por Madiba,
que estará eternizado em suas memórias e passará para outras gerações que
virão. O Brasil também levou o seu recado de solidariedade ao povo africano,
representado pela presidente Dilma e os ex-presidentes Fernando Henrique
Cardoso, Color de Melo, Luiz Inácio da Silva e Sarney. A festa mesmo
aconteceu antes da cerimônia oficial. Logo pela manhã, às 5 h o trem
partiu para o estádio de Johanesburgo e os grupos se encontraram e
cantaram. E, em cada curva surgia uma frase, como “Mandela pai de todos”. Às 7
h, já no estádio, o povo emocionado cantava, dançava e ovacionava com muita
vibração o nome do grande líder.
Nelson Mandela trouxe a
democracia, o povo é o dono da festa entre brancos e negros numa só voz,
sem parar um instante. A cerimônia mostrou a força desse homem extraordinário.
A caminhada do povo para dar sua última despedida ao seu líder demorou
horas, nos remete ao título do livro que escreveu "Uma longa caminhada
para a liberdade". Mas, o povo não arredou um passo e permaneceria
por quanto tempo fosse necessário. Ele deixou o exemplo todos leiam sua
cartilha, mas que também pratiquem, que é mais importante. Uma pequena
observação, os discursos citavam os três pontos destacados por Mandela:
“Educação, corrupção e a paz”. Quanto paradoxo! Aqui no Brasil a Educação
perece e está longe em comparação com as nações desenvolvidas. A “corrupção”
que parte dos nossos governantes se alastra pelo país. E, quanto à “paz”,
assistimos pela televisão confronto entre os torcedores numa batalha feroz. E
tudo em nome do futebol, que é a nossa paixão nacional. Acorda Brasil! Vamos
ler a cartilha de Nelson Mandela.
O
SAMBA PEDE PASSAGEM - (HOMENAGEM A JAIR RODRIGUES).
O
Samba está de luto. A Voz que saudou o morro e encantou o Brasil se despede aos
75 anos de idade muito bem vividos. Um ser maravilhoso que trazia no semblante
um sorriso maroto, brincalhão, um verdadeiro menino, que soube ser parceiro
dessa vida terrena. Caminhou de mãos dadas com a vida por todos os lugares que
passou e teve a reciprocidade do povo que sempre o adorou. Ele trazia a alegria
no sorriso e sabemos que rir traz a felicidade, principalmente desse povo
sofrido que nos momentos de futebol e do samba é que ele se descontrai,
esquecendo o seu dia a dia, das lutas e labutas. Foi do samba raiz, da seresta,
do sertanejo ao rap, na bossa nova mandou o seu recado com sua parceira Elis
Regina.
Nasceu
em Igarapava (SP), divisa com o estado de Minas Gerais. E quando
perguntaram numa entrevista se ele não fosse cantor, o que ele seria, ele
respondeu que tentaria a vida toda para ser cantor, seu sonho de consumo. Fica
o recado de “Quem acredita no sonho constrói a realidade”. Tive a oportunidade,
na juventude, de jogar futebol contra ele, em Tabatinga-SP, na festa da cidade
e posso afirmar que como jogador foi um grande sambista. Mas, até no campo ele
era majestade fazendo descontrair todos os boleiros, fazendo como de costume
aquela palhaçada. Seu apelido “Cachorrão”, como era chamado por Elis. Coincidência
ou não, há pouco tempo estive com Jair, quando ele se apresentou em Taubaté e
fui autor do samba-enredo do Ametra, que o homenageou. Na avenida o povo
pode cantar junto com o grande intérprete da música popular brasileira o samba
que conta sua vida. Hoje, com certeza, a festa vai ser de arromba no céu. Com
seus parceiros todos preparados na espera com um coro de anjos e querubins, ao som
de orquestras e a bateria de mestre André (Pe Miguel) com cavaco, pandeiro,
tamborim e muitas cabrochas. E a alegria vai ser geral. Segue a letra em
homenagem ao grande cantor.
(Introdução)
Prepare
seu coração
Pras
coisas que eu vou contar
Eu
venho de Igarapava
Da
fronteira divisão
E sei
que vou lhe agradar
Porque
na Ametra vou desfilar
Lá vem
Ametra dando um show na passarela
Toda
vaidosa de novo Para sacudir a avenida do povo
Prepare
seu coração
Vem
ver o artista que ela vai mostrar
Vem
amor
Vem
sambar (bis)
Vem
ver o sambista
Que
cantou o sabiá
Jair
Rodrigues
Hoje
volta a ser criança
É bom
na ginga e diz no pé
É
Igarapava é Taubaté
Viajando
no chão de estrelas
E
tomou banho no luar do sertão
Viu o
menino da porteira
Que
disparou seu coração
Foi
seresteiro e parceiro de Elis
Na
Bossa Nova cantou o Happy e Raiz
Saudou
o morro e encantou a multidão
Quanta
emoção com os pequeninos vem cantar esse refrão
Já Já
Já Cachorrão
Salve
esse menino do bicho papão (bis)
*******
PROFº
GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR
TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
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