CAP. PM ALBERTO MENDES JÚNIOR
"...DEFENDEREI
COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA".
Alberto Mendes Júnior, 2º Tenente da Polícia
Militar do Estado de São Paulo, era filho de Alberto Mendes e Angelina Plácido
Mendes, tendo nascido aos 24 de janeiro de 1947 na cidade de São Paulo-SP.
Ingressou na Corporação em 15 de fevereiro de 1965, onde frequentou o Curso
Preparatório de Formação de Oficiais, tendo sido declarado Aspirante a Oficial
em 21 de Abril de 1969 e promovido por merecimento ao posto de 2º Tenente. Em
abril de 1970 seguiu com o 1º Batalhão Tobias de Aguiar ao qual pertencia para
prestar apoio à Companhia Independente do Vale da Ribeira, sediada em Registro.
No dia 08 de maio do mesmo ano, um grupo de sete terroristas, posteriormente
identificados como sendo Edmauro Gobfert, José Araújo Nóbrega, Yoshitame
Fugimore, Diógenes Sobrosa de Souza, Ariston Oliveira Lucena, Gilberto Faria
Lima e Carlos Lamarca, este último, desertor do Exército Brasileiro quando
ocupava o posto de Capitão e chefe desse grupo, após serem abordados em um
posto de gasolina em Eldorado Paulista receberam os policiais militares a
tiros, alvejando-os e fugindo em seguida para Sete Barras. Tomando ciência do
ocorrido, o Tenente Alberto Mendes Júnior comandando uma patrulha com duas
viaturas e aproximando-se daquela região, foi emboscado com sua tropa pelos
terroristas após intenso tiroteio. Com alguns de seus comandados feridos e sem
poder de reação tendo em vista encontrar-se em desvantagem bélica, ofereceu-se
como prisioneiro em troca da liberação daqueles para imediato socorro.
No dia 10 de maio de 1970, após ser conduzido em
marcha forçada e em condições subumanas pelos seus algozes através das matas da
Ribeira, foi julgado e condenado por um “tribunal revolucionário” formado às
pressas e sob alegação de que devido à necessidade de mantê-lo junto com o
grupo, a fuga seria retardada. Assim, Ariston Lucena, Diógenes Sobrosa de Souza
e Carlos Lamarca, encarregados de julgá-lo, decidiram matá-lo, não lhe
oferecendo nenhuma chance de defesa, sendo atacado traiçoeiramente, primeiro
por Yoshitame Fujimore que lhe desferiu violentos golpes de coronhadas na
cabeça. Com o crânio fraturado, gemendo e com dores lancinantes, Diógenes
Sobrosa de Souza se encarregou por consumar aquele monstruoso crime,
desfigurando completamente seu crânio com estocadas de coronha de fuzil FAL. O
Tenente Alberto Mendes Junior foi sepultado pelos terroristas em cova rasa e
com seus coturnos ao lado de sua cabeça ensanguentada. Seus restos mortais
foram localizados somente em setembro do mesmo ano, após delação de Ariston
Lucena, preso em São Paulo pela OBAN. Interrogado, confirmou a morte do
tenente, bem como indicou o local onde estava enterrado o Oficial. A crueldade
e frieza de seus assassinos influenciaram decisivamente a opinião da sociedade
no repúdio às ações extremistas que, à época, dizimavam indistintamente
cidadãos brasileiros, civis e militares.
Seu corpo foi velado no Salão Nobre do Quartel General da Polícia
Militar, sita à Avenida Tiradentes. Seu sepultamento ocorreu em 11 de
setembro de 1970, uma sexta feira do outono brasileiro, sob forte comoção.
Precedido de Batedores da Polícia Militar e da Banda Musical do 1º Batalhão
Tobias de Aguiar, Unidade em que servira, seu esquife estava envolto
pela Bandeira Nacional, sendo conduzido por uma viatura do Corpo
de Bombeiros até sua última morada, a sepultura nº 38 do Cemitério do
Araçá, na capital paulista. Durante o trajeto percorrido, as lojas, como sinal
de respeito e gratidão ao seu grande Herói fecharam suas portas e uma grande
multidão acenava como o adeus de uma despedida. Após a leitura do Boletim
Militar, seu esquife baixou à sepultura com as honras militares.
Como homenagem póstuma e gratidão pelo que representou ao morrer pela
Pátria, teve seu nome inscrito em uma das unidades educacionais da capital
paulista como "Grupo Escolar Capitão Alberto Mendes Júnior", em Vila
Galvão, a mesma escola que um dia lhe ensinou a aprender e compreender
o valor da vida. O Governador Abreu Sodré assim se expressou ao assinar o ato:
"A humana compreensão do valor de vida, expressa pelo 2º Tenente de
Polícia Militar Alberto Mendes Junior, que se entregou como refém aos
terroristas guerrilheiros, para salvar a vida de seus comandados; seu acendrado
patriotismo, ao morrer em defesa da democracia e das liberdades
constitucionais, nas mãos cruéis de seus algozes que lhe mutilaram o corpo, em
assassinato frio e desumano; sua vida dedicada à Corporação, aos seus
subordinados e à hierarquia funcional, representa exemplo histórico para a
juventude e, sobretudo, aos jovens estudantes de nossas escolas".
Promovido postumamente a Capitão, Alberto Mendes Júnior é considerado o
"Herói Símbolo da Polícia Militar". Requiescat in pace, Companheiro de Caserna e Herói da Milícia
Bandeirante!
PROFº
GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR
TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO. cfgilberto@yahoo.com.br
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