terça-feira, 22 de outubro de 2013

CAP. PM ALBERTO MENDES JÚNIOR - (45)









CAP. PM ALBERTO MENDES JÚNIOR




"...DEFENDEREI COM O SACRIFÍCIO DA PRÓPRIA VIDA".


 

Alberto Mendes Júnior, 2º Tenente da Polícia Militar do Estado de São Paulo, era filho de Alberto Mendes e Angelina Plácido Mendes, tendo nascido aos 24 de janeiro de 1947 na cidade de São Paulo-SP. Ingressou na Corporação em 15 de fevereiro de 1965, onde frequentou o Curso Preparatório de Formação de Oficiais, tendo sido declarado Aspirante a Oficial em 21 de Abril de 1969 e promovido por merecimento ao posto de 2º Tenente. Em abril de 1970 seguiu com o 1º Batalhão Tobias de Aguiar ao qual pertencia para prestar apoio à Companhia Independente do Vale da Ribeira, sediada em Registro. No dia 08 de maio do mesmo ano, um grupo de sete terroristas, posteriormente identificados como sendo Edmauro Gobfert, José Araújo Nóbrega, Yoshitame Fugimore, Diógenes Sobrosa de Souza, Ariston Oliveira Lucena, Gilberto Faria Lima e Carlos Lamarca, este último, desertor do Exército Brasileiro quando ocupava o posto de Capitão e chefe desse grupo, após serem abordados em um posto de gasolina em Eldorado Paulista receberam os policiais militares a tiros, alvejando-os e fugindo em seguida para Sete Barras. Tomando ciência do ocorrido, o Tenente Alberto Mendes Júnior comandando uma patrulha com duas viaturas e aproximando-se daquela região, foi emboscado com sua tropa pelos terroristas após intenso tiroteio. Com alguns de seus comandados feridos e sem poder de reação tendo em vista encontrar-se em desvantagem bélica, ofereceu-se como prisioneiro em troca da liberação daqueles para imediato socorro.

No dia 10 de maio de 1970, após ser conduzido em marcha forçada e em condições subumanas pelos seus algozes através das matas da Ribeira, foi julgado e condenado por um “tribunal revolucionário” formado às pressas e sob alegação de que devido à necessidade de mantê-lo junto com o grupo, a fuga seria retardada. Assim, Ariston Lucena, Diógenes Sobrosa de Souza e Carlos Lamarca, encarregados de julgá-lo, decidiram matá-lo, não lhe oferecendo nenhuma chance de defesa, sendo atacado traiçoeiramente, primeiro por Yoshitame Fujimore que lhe desferiu violentos golpes de coronhadas na cabeça. Com o crânio fraturado, gemendo e com dores lancinantes, Diógenes Sobrosa de Souza se encarregou por consumar aquele monstruoso crime, desfigurando completamente seu crânio com estocadas de coronha de fuzil FAL. O Tenente Alberto Mendes Junior foi sepultado pelos terroristas em cova rasa e com seus coturnos ao lado de sua cabeça ensanguentada. Seus restos mortais foram localizados somente em setembro do mesmo ano, após delação de Ariston Lucena, preso em São Paulo pela OBAN. Interrogado, confirmou a morte do tenente, bem como indicou o local onde estava enterrado o Oficial. A crueldade e frieza de seus assassinos influenciaram decisivamente a opinião da sociedade no repúdio às ações extremistas que, à época, dizimavam indistintamente cidadãos brasileiros, civis e militares.  

Seu corpo foi velado no Salão Nobre do Quartel General da Polícia Militar, sita à Avenida Tiradentes. Seu sepultamento ocorreu em 11 de setembro de 1970, uma sexta feira do outono brasileiro, sob forte comoção. Precedido de Batedores da Polícia Militar e da Banda Musical do 1º Batalhão Tobias de Aguiar, Unidade em que servira, seu esquife estava envolto pela Bandeira Nacional, sendo conduzido por uma viatura do Corpo de Bombeiros até sua última morada, a sepultura nº 38 do Cemitério do Araçá, na capital paulista. Durante o trajeto percorrido, as lojas, como sinal de respeito e gratidão ao seu grande Herói fecharam suas portas e uma grande multidão acenava como o adeus de uma despedida. Após a leitura do Boletim Militar, seu esquife baixou à sepultura com as honras militares.

Como homenagem póstuma e gratidão pelo que representou ao morrer pela Pátria, teve seu nome inscrito em uma das unidades educacionais da capital paulista como "Grupo Escolar Capitão Alberto Mendes Júnior", em Vila Galvão, a mesma escola que um dia lhe ensinou a aprender e compreender o valor da vida. O Governador Abreu Sodré assim se expressou ao assinar o ato: "A humana compreensão do valor de vida, expressa pelo 2º Tenente de Polícia Militar Alberto Mendes Junior, que se entregou como refém aos terroristas guerrilheiros, para salvar a vida de seus comandados; seu acendrado patriotismo, ao morrer em defesa da democracia e das liberdades constitucionais, nas mãos cruéis de seus algozes que lhe mutilaram o corpo, em assassinato frio e desumano; sua vida dedicada à Corporação, aos seus subordinados e à hierarquia funcional, representa exemplo histórico para a juventude e, sobretudo, aos jovens estudantes de nossas escolas". Promovido postumamente a Capitão, Alberto Mendes Júnior é considerado o "Herói Símbolo da Polícia Militar". Requiescat in pace, Companheiro de Caserna e Herói da Milícia Bandeirante!







PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO. cfgilberto@yahoo.com.br


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