quinta-feira, 24 de outubro de 2013

UM DOMINGO INESQUECÍVEL (46)






E.C. TAUBATÉ.

 

Gardel, Mexicano, Ivan, Henrique, Celso e Martin;

Jorge Coutinho, Darci, Zé Américo, Sabará, Miro e Noca.
 





UM DOMINGO INESQUECÍVEL.




O Esporte Clube Taubaté sempre proporcionou grande futebol quando enfrentava os chamados "grandes" da Capital. Pelo Campeonato Paulista em um jogo do dia 23 de julho de 1961, enfrentaria o poderoso Santos Futebol Clube no Estádio Municipal da Praça Monsenhor Silva Barros, o velho e saudoso Campo do Bosque, como era popularmente conhecido. 


O VELHO E SAUDOSO CAMPO DO BOSQUE.



Era domingo, com um sol acanhado e em pleno inverno brasileiro. O estádio, de lembranças saudosas como suas arquibancadas de madeiras "sobrando" para a Rua Duque de Caxias, o vendedor de laranjas descascando-as na maquininha, o amendoim torradinho à porta frontal do Estádio, a imensa fila com os meninos de outrora implorando para entrarem junto com os pagantes (ei moço, deixa eu entrar com o senhor?), a famosa "arquibancada gratuita" do Convento Santa Clara e completamente lotada,  fazia daquela partida um  espetáculo à parte. 

Naquela época podia-se entrar com guarda-chuva, levar o radinho de pilha, a laranja no saquinho, o chapéu à cabeça e as bicicletas dentro do estádio sem nenhum perigo de serem furtadas. Detalhes de outrora que a modernidade se encarregou de substituí-las pela palavra PROIBIÇÃO. Também não haviam torcidas organizadas, internet para marcarem encontros antagônicos e violentos entre torcedores e tantos outros males que hoje, afligem àqueles que se aventuram a assistir a uma partida de futebol. A Polícia Militar da época, a nossa querida Força Pública, bastava o olhar de um policial reprovando uma atitude impensada de algum torcedor mais afoito, que a questão já estava resolvida. Outros tempos, onde o respeito prevalecia.

Mas, o momento tão esperado pela torcida do E.C. Taubaté era sua entrada em campo, onde fogos de artifícios eram estourados, proporcionando a lembrança da noite de natal, com aquele foguetório ensurdecedor. Iniciada a partida, outro momento tão desejado e esperado era a entrada quando solicitado a atender um atleta para ser massageado, do querido e saudoso Jorge Massagista, que com seu desempenho de corredor de 100 metros rasos completava a alegria de toda aquela gente simples, entusiasta e torcedora do Alvi Azul. Com um estádio completamente lotado e renda de CR$963.000,00 (Novecentos e Sessenta e Três Mil Cruzeiros), os protagonistas do espetáculo entraram em campo. De um lado o glorioso alvi azul do técnico Aymoré Moreira com Henrique, Gardel, Mexicano e Wilson Cruz; Celso e Zé Américo; Darci, Miro, Sabará, Ivã e Noca. De outro, a "máquina de fazer gols" comandada pelo técnico Lula com Laércio, Getúlio, Mauro e Dalmo: Zito e Formiga; Dorval, Mengálvio, Coutinho Pelé e Pepe.

Nesse jogo, Mexicano e Celso  anulavam Coutinho e Pelé. Henrique "fechava" o gol como sendo a maior partida de sua carreira. Ivan ditava o ritmo da partida. E que partida! Com arbitragem de Stefan Walter Glanz, e com Pelé colocando as mãos ora à cabeça, ora à boca não se conformando com a estupenda atuação de Henrique, o jogo chegava ao seu fim com uma placar de 0x0. Ficaram as lembranças como as de Dorval sendo atingido por uma laranja na cabeça e decidido a atirá-la de volta à torcida, teve Pelé a intercedê-lo, e, tomando-a de suas mãos, partiu-a ao meio, entregou a outra metade a Dorval e saíram chupando. Também o futebol vistoso e elegante de Ivã, a raça de Gardel, Mexicano e Celso e a habilidade com a canhotinha de Noca, são lembranças que não deixam nossas memórias. Melhor assim. Quanto ao Santos F.C. não precisamos acrescentar nada. Foi um sonho maravilhoso que passou em nossas mentes, viveu em nossas vidas e não voltará jamais. Obrigado, Pelé. 


PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO. cfgilberto@yahoo.com.br
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário