E.C. TAUBATÉ.
Gardel, Mexicano, Ivan,
Henrique, Celso e Martin;
Jorge Coutinho, Darci, Zé
Américo, Sabará, Miro e Noca.
UM
DOMINGO INESQUECÍVEL.
O Esporte Clube Taubaté sempre proporcionou grande
futebol quando enfrentava os chamados "grandes" da Capital. Pelo
Campeonato Paulista em um jogo do dia 23 de julho de 1961, enfrentaria o
poderoso Santos Futebol Clube no Estádio Municipal da Praça Monsenhor Silva
Barros, o velho e saudoso Campo do Bosque, como era popularmente conhecido.
Era
domingo, com um sol acanhado e em pleno inverno brasileiro. O estádio, de
lembranças saudosas como suas arquibancadas de madeiras "sobrando"
para a Rua Duque de Caxias, o vendedor de laranjas descascando-as
na maquininha, o amendoim torradinho à porta frontal do Estádio, a
imensa fila com os meninos de outrora implorando para entrarem junto
com os pagantes (ei moço, deixa eu entrar com o senhor?), a famosa
"arquibancada gratuita" do Convento Santa Clara e completamente
lotada, fazia daquela partida um espetáculo à parte.
O VELHO E
SAUDOSO CAMPO DO BOSQUE.
Naquela época podia-se entrar com guarda-chuva,
levar o radinho de pilha, a laranja no saquinho, o chapéu à cabeça e as
bicicletas dentro do estádio sem nenhum perigo de serem furtadas. Detalhes
de outrora que a modernidade se encarregou de substituí-las pela palavra
PROIBIÇÃO. Também não haviam torcidas organizadas, internet para marcarem
encontros antagônicos e violentos entre torcedores e tantos outros males que
hoje, afligem àqueles que se aventuram a assistir a uma partida de futebol. A
Polícia Militar da época, a nossa querida Força Pública, bastava o olhar
de um policial reprovando uma atitude impensada de algum torcedor mais afoito,
que a questão já estava resolvida. Outros tempos, onde o respeito prevalecia.
Mas, o momento tão esperado pela torcida do E.C.
Taubaté era sua entrada em campo, onde fogos de artifícios eram estourados,
proporcionando a lembrança da noite de natal, com aquele foguetório
ensurdecedor. Iniciada a partida, outro momento tão desejado e esperado era a
entrada quando solicitado a atender um atleta para ser massageado, do querido e
saudoso Jorge Massagista, que com seu desempenho de corredor de 100 metros
rasos completava a alegria de toda aquela gente simples, entusiasta e
torcedora do Alvi Azul. Com um estádio completamente lotado e renda de
CR$963.000,00 (Novecentos e Sessenta e Três Mil Cruzeiros), os protagonistas do
espetáculo entraram em campo. De um lado o glorioso alvi azul do técnico Aymoré
Moreira com Henrique, Gardel, Mexicano e Wilson Cruz; Celso e Zé Américo;
Darci, Miro, Sabará, Ivã e Noca. De outro, a "máquina de fazer
gols" comandada pelo técnico Lula com Laércio, Getúlio, Mauro e Dalmo:
Zito e Formiga; Dorval, Mengálvio, Coutinho Pelé e Pepe.
Nesse jogo, Mexicano e Celso anulavam
Coutinho e Pelé. Henrique "fechava" o gol como sendo a maior partida
de sua carreira. Ivan ditava o ritmo da partida. E que partida! Com arbitragem
de Stefan Walter Glanz, e com Pelé colocando as mãos ora à cabeça, ora à
boca não se conformando com a estupenda atuação de Henrique, o jogo chegava ao
seu fim com uma placar de 0x0. Ficaram as lembranças como as de Dorval sendo
atingido por uma laranja na cabeça e decidido a atirá-la de volta à torcida,
teve Pelé a intercedê-lo, e, tomando-a de suas mãos, partiu-a ao meio, entregou
a outra metade a Dorval e saíram chupando. Também o futebol vistoso e elegante
de Ivã, a raça de Gardel, Mexicano e Celso e a habilidade com a canhotinha de
Noca, são lembranças que não deixam nossas memórias. Melhor assim. Quanto ao
Santos F.C. não precisamos acrescentar nada. Foi um sonho maravilhoso que
passou em nossas mentes, viveu em nossas vidas e não voltará jamais. Obrigado,
Pelé.
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR,
PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES
SALGADO. cfgilberto@yahoo.com.br
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