terça-feira, 4 de novembro de 2014

CHARLOT ODSON - (74)







    ARTISTA PLÁSTICO





QUANDO A ARTE VENCE OS DRAMAS DA VIDA.



"L'UION FAIT LA FORCE"  -  (A UNIÃO FAZ A FORÇA)


ORIGENS
Habitualmente em minhas crônicas, procuro enaltecer pessoas ilustres de nossa querida Taubaté, sejam elas nascidas aqui ou não mas que de alguma forma significativa, construíram e deixaram um legado para gerações atuais e vindouras. Desta vez, estendo minhas considerações sobre uma pessoa oriunda de uma pequena porção ocidental da Ilha de Hispaniola, no Arquipélago das Grandes Antilhas e na qual partilha com a República Dominicana.




Seu país, Haiti. Nasceu na localidade de Mirebalais, aos 11 de fevereiro de 1973, sendo filho de Marcelin Antoine e Charlot Carmene. Apresento-o como Charlot Odson, porém, para nós brasileiros, Odson Charlot, 41 anos, um artista plástico formado pela Academia de Belas Artes do Haiti e radicado no Brasil desde novembro de 2012, quando aqui se instalou para expor suas obras de arte em pintura e difundi-las, como fizera nos Estados Unidos, França e Bélgica. Casado com Marie Bettie Murat, tem quatro filhos, Sharlamptz-Tong de 12 anos, as meninas Betchre Witney de 9 e Leihenin-Lhi de 6 e o caçula Hud-Shenn, de 1 ano e 7 meses. Com exceção do caçula, todos estão matriculados e estudando em nossa cidade. 

                 
      UMA FAMÍLIA UNIDA E FELIZ

Em seu país, por ocasião da Missão de Paz das Nações Unidas, conheceria um militar que contribuiria de maneira significativa para a mudança e o rumo de sua vida radicalmente. Ajudando-o e estendo-lhe as mãos como se fosse um conselheiro ou o irmão mais velho,  orientou-o e apoiou-o e nos momentos cruciais por quais passava. Seu nome, Jean Carlos de Oliveira, um Subtenente do Exército Brasileiro. Naquela Missão de Paz, quando das ações em conjunto de 16 países, dentre eles o Brasil, e de uma força-tarefa de de um contingente de 6.700 homens. "Alea jacta est" (a sorte está lançada), seria a frase determinante em toda sua vida de artista plástico, quando aos 12 anos de idade abraçara a arte de pintar como parte integrante de sua alma. 

EXÉRCITO BRASILEIRO EM SUA HUMANITÁRIA E LOUVÁVEL MISSÃO NO HAITI


E o encontro fora proporcionado um um momento inusitado, quando num sábado aquele militar visitava uma feira  onde se encontrava de tudo. Ali adquirira uma quadro de um vendedor, justamente ao lado de onde Odson Charlot expunha seus trabalhos. Uma semana após, o Subtenente Jean voltara àquela feira para trocar o produto adquirido por outro de menor tamanho, ocasião em que fora cientificado que a troca somente poderia ser efetuada com o pagamento do novo produto. Charlot, percebendo que diante daquele procedimento aquele freguês poderia não mais se interessar por obras de arte, incontinenti, se ofereceu para efetuar a troca por um de seus quadros e sem nenhum ônus. Aquele momento mágico determinado por dois seres humanos, selaria para sempre uma amizade sincera e leal. Jean, foi o ombro amigo na ajuda pelo reerguimento de sua vida profissional, desde a saída de seu país até encontrar a sempre querida e hospitaleira Taubaté, a cidade que lhe proporcionaria novamente a vontade de viver. Quando cumprida sua tarefa como militar naquele país, Jean prometera a seu amigo que venderia seus quadros no Brasil e remeteria o valor arrecadado para sua conta no Haiti. Prometera e cumprira. Tempos mais tarde Odson Charlot se aportaria em Taubaté e, com o inesquecível amigo ao seu lado, seria início uma nova vida, uma vida de certezas e de esperanças. Aqui também encontraria grandes amigos como os irmãos José e Juarez Lopes Silva, pessoas maravilhosas e portadoras de um coração benevolente, sempre prontos para ajudarem seus semelhantes e para solução dos seus problemas, bem como a colaboração constante e precisa da Fundação Osvaldo Goeldi, de Taubaté. Haiti vai se reerguendo da catástrofe ocorrida daquela triste tarde, mais precisamente às 16.53 horas do dia 12 de janeiro de 2010, quando, atingido por um terremoto de proporções gigantescas com 7.3 da escala Richter, causou a maior tragédia já registrada nas Américas, com mais de 200 mil mortos e 3 milhões de desabrigados. Nesse episódio perderia sua casa e seu atelier. Entretanto, era preciso continuar a viver e ter a esperança de um novo recomeço. Porém, Odson Charlot não consegue esquecer de seu Haiti, não sendo possível apagar os momentos de felicidade que viveu em seus país, dos amigos que lá deixou e daqueles que ficaram para trás nos caminhos do destino. Ocupa as funções de presidente da Associação Franco-Haitiana, supervisionada pela Association les enfants a l’école  para o trabalho sócio-educativo-cultural, mas, fundamentalmente voltada para a educação infantil. 

                                                           
QUADRO  -  HAITI DE HOJE
 INSPIRAÇÃO, IMAGINAÇÃO E AMOR EM SEUS QUADROS


Direciona sua arte em pintura para o abstrato e ao surrealista. Em 2003, como afirma, estava produzindo um quadro com a história de seu país, momento em que seus instintos foram direcionados e conduzidos para a concretização de uma paisagem em que o país era abalado por um terremoto de grandes proporções, o que viria a se concretizar e de triste lembranças 7 anos depois. Segundo ele, era a manifestação Divina guiando suas mãos. Seus quadros levam-nos a compreender a magnitude de sua paixão pela pintura.

BRASIL, PÁTRIA ABENÇOADA

Em silêncio profundo e com lágrimas, fala um pouco sobre o povo brasileiro, muito cooperativo, simpático, maravilhoso, amigo e hospitaleiro. Verdadeiros irmãos! Como ele mesmo define, é um povo diferente e com muito amor. Odson Charlot tem visto de permanência regularizado em nosso país. Conheci-o através de meus amigos, os irmãos Lopes Silva e desde então tenho percebido tratar-se de pessoa imbuída dos mais altos propósitos de perseverança naquilo que desenpenha e de conduta ilibada em seus negócios. É uma pessoa voltada para o bem de sua família, para os que lhe são caros e, principalmente para o Brasil, país bendito que um dia o acolheu. Suas obras encontram-se expostas no Taubaté Shopping até de 09 a 15/6, e após, com exposição da Câmara Municipal de Taubaté. Seja bem vindo Odson Charlot, utilizando-se de seu visto de permanência em nosso país como a extensão de seu coração maravilhoso!


GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br






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