UM IMPORTANTE HISTORIÓGRAFO
Tão importante quanto o descobrimento do planeta Urano por Willian
Herschel em 13 de março de 1781, Taubaté festejava o nascimento de Antonio
Carlos de Argôllo Andrade às 03h45m do dia 13 de março de 1958, uma quinta
feira do crepúsculo do verão brasileiro dando as boas vindas ao mais novo de
seus taubateanos. Filho de Antonio de Argôllo Andrade, um competente e dedicado
funcionário do DAEE, em Taubaté, e de Maria Celeste de Andrade, nascia assim,
aquele que seria considerado anos mais tarde um dos mais influentes e legítimos
historiógrafos de nossa cultura. Sua infância transcorreria dentro dos padrões
exigidos daquela época, com muito amor e carinho de seus pais, aliados a uma
educação voltada para a constância do conhecimento da religião, do respeito
pela vida e pelo seu semelhante. Em suma, foi uma infância vivida em uma
Taubaté bucólica e despertando para o progresso industrial.
Seus estudos tiveram início no Colégio Padre Anchieta, quando foi
alfabetizado pela Profª Maria de Lourdes Mascarenhas. Prosseguindo em sua
jornada estudantil foi aluno do Grupo Escolar Dom Pereira de Barros, onde
cursou o Primário. Depois, pelo Ginásio Municipal Profº José Ezequiel de Souza,
onde concluiu o Ginasial, e, por fim, nos Colégios Padre Anchieta e Monteiro
Lobato, quando então finalizou seus estudos em 1976. Em todas as etapas de sua
vida como estudante foi um aluno aplicadíssimo e um estudioso sempre voltado
para a área de Ciências Humanas. Em sua cidade natal e nesse mesmo ano
frequentou o Curso Livre da Escola de Música, Artes Plásticas e Cênicas Maestro
Fêgo Camargo, onde teve o privilégio e a grande honra de ser aluno do Curso de
Pintura com o renomado pintor Anderson Fabiano, considerado um dos expoentes
artísticos de nosso país. Ainda nesse mesmo ano também viria a concluir o Curso
de Cultura Egípcia, coordenado pelo Departamento Municipal de Educação e
Cultura da Prefeitura local e ministrado pelo emérito Profº José Jerônymo de
Souza Filho, de saudosa memória. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas pela
Faculdade de Direito da Universidade de Taubaté no ano de 1980. Dedicou-se aos
estudos dos idiomas Inglês e Francês, ministrados pela Escola Fisk entre os anos de 1977 e 1980, e, ao
estudo do idioma italiano no período de 1981 a 1990, pela Escola Yázigi.
Tal como seu pai, exerceu, de maneira brilhante e eficiente, atividades
laboriosas quando de sua estada na Empresa Brasileira de Aeronáutica, a nossa
sempre pujante e dinâmica EMBRAER, ocasião em que exerceu diversas funções
administrativas de destaques. Entretanto, sua vida estaria definitivamente
voltada para os estudos, quando em 1989 após quatro anos ininterruptos, viria a
se diplomar pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de
Taubaté, obtendo dessa forma, a Licenciatura Plena em História. Tempos mais
tarde, concluiria de maneira brilhante, sua pós-graduação em História da Arte,
ministrado pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Em 1990 lecionou
história no Instituto Diocesano de Ensino Santo Antonio, o nosso sempre querido
IDESA. Em 1992, ingressou como Professor Colaborador Assistente, na disciplina
Cultura Brasileira, tendo lecionado nos cursos de Letras e Secretário Executivo.
Posteriormente lecionou também História Econômica no curso de Economia,
permanecendo nessas atividades até dezembro de 2000. Ainda como professor
lecionou na Rede Municipal de Ensino nas escolas de Ensino Fundamental “Dom
José Antonio do Couto” e “Ernani de Barros Morgado”, ambas em Taubaté.
Aprovado em concurso público de Provas e Títulos em abril de 1992 e
realizado pela Prefeitura Municipal de Taubaté, tomou posse a 4 de agosto do
mesmo ano, passando a ocupar o cargo de Historiógrafo, lotado na Divisão de
Museus, Patrimônio e Arquivo Histórico de Taubaté. Como partícipe de nossa
cultura raiz, exerceu, de maneira laboriosa, eficaz e voluntária, estágio no
Museu de Arte Sacra de Taubaté, tendo na ocasião organizada a “1ª Exposição
Anual de Presépios Artesanais” daquela Divisão. Teve o discernimento de
presentear Taubaté, sua cidade natal, com a exposição itinerante “Arte no
Brasil”, em cinco módulos sequenciais, os quais foram apresentados na Divisão
de Museus.
Escritor metódico e meticuloso como todos os historiógrafos, via de
regra, o Profº Antonio Carlos, como é carinhosamente tratado por todos,
especializou-se na divulgação de fatos históricos de fácil interpretação,
contrapondo-lhes a luz da verdade para a compreensão do fato histórico. São de
sua autoria obras consideradas, e assim as defino, como riquezas metodológicas,
podendo citar “Capela de Nossa Senhora do Pilar de Taubaté, Um Exemplar do
Barroco Mineiro no Vale do Paraíba Paulista”, publicação de 1991 pela Fundação
Nacional do Tropeirismo, na série Cadernos Culturais do Vale do Paraíba, com
patrocínio do Colégio Objetivo e Prefeitura Municipal de Taubaté; “Taubaté
Através de Textos” lançamento em parceria com a renomada Profª Maria Morgado de
Abreu. Trata-se de uma publicação da Coletânea Taubateana nº 17 e periódico da
Prefeitura Municipal de Taubaté; Também teve seu trabalho intitulado
“Influenciação Cultural Portuguesa no Vale do Paraíba do Sul”, selecionado pela
Comissão Organizadora do Congresso Luso-Brasileiro “Portugal-Brasil: Memórias e
Imaginários”, para ser apresentado durante aquele evento, realizado em Lisboa,
entre 9 e 12 de novembro de 1996. Foi um trabalho dignamente apresentado,
diga-se de passagem, altamente comprometido com a verdade histórica, e por
abranger de maneira objetiva os contatos estabelecidos entre ameríndios e os
primeiros povoadores de nossa região.
De 1997 a 2003, como colaborador e abnegado historiógrafo, foi colunista
do Jornal Diário de Taubaté, através de sua Coluna “Poeira do Tempo”, uma
publicação semanal expondo a história da cultura de Taubaté e Região. Em 1988
tornou-se sócio efetivo do IEV (Instituto de Estudos Valeparaibanos) cujo
Boletim Informativo Mensal colaborou periodicamente, com textos de sua autoria
também descrevendo sobre a História e a Cultura de Taubaté e Região. Em 2000, a
pedido da Comissão Organizadora da Academia Taubateana de Letras de Taubaté,
preparou o levantamento biográfico dos 40 patronos das cadeiras da mesma
academia e, tendo sido convocado a ocupar uma delas, escolheu a de n.º 36, cujo
patrono é o Dr. Francisco de Paula Toledo, do qual apresentou os traços
biográficos no salão nobre da Casa do Advogado, tendo ao final desse mesmo ano
se desligado daquela Academia.
Para as comemorações dos 500 Anos de Brasil, estabeleceu contato com o
Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, obtendo por empréstimo em comodato,
a urna cinerária do inconfidente taubateano Luiz Vaz Vieira de Toledo, filho do
fundador da Capela de Nossa Senhora do Pilar, para exposição naquele local, a
partir do mês de abril, ocasião em que foi emitido um cartão postal
comemorativo, patrocinado pela Prefeitura Municipal de Taubaté. Em 2006, obteve
a pedido, transferência para a Divisão de Museus, Patrimônio e Arquivo
Histórico de Taubaté, voltando a ocupar seu antigo cargo de Historiógrafo,
função que continua desempenhando. Em 2008, apresentou publicação anteriormente
editada em 1978, com revisão e atualização de sua autoria intitulada
“Cronologia da História de Taubaté”, perfazendo, portanto, 30 anos decorridos
de seu lançamento de origem. Trata-se de um trabalho voltado para consulta
sobre os acontecimentos registrados no transcorrer da história do Município e
verdadeira fonte de conhecimento e saber.
Atualmente trabalha na digitação dos 10 volumes de Atas da Câmara
Municipal de Taubaté, Papéis Expedidos, Papéis Recebidos e Papéis Avulsos da
Câmara, relativos ao período de 1780 a 1890 para futura disponibilização aos
pesquisadores. Apresentará em breve, três trabalhos de pesquisas históricas
desenvolvidas a partir de então, como sendo “Taubaté na História Nacional”,
“Taubaté dos Viajantes” e “Capela de Nossa Senhora do Pilar”, esta, com edição
revista e atualizada, estando no aguardo de oportunidade propícia para suas
publicações. Como professor, tive a grande honra e felicidade de partilhar
conhecimentos quando tomamos parte nos idos de 1990, do Corpo Docente do
Instituto Diocesano de Ensino Santo Antonio, reconhecido formador de gerações.
Durante o sacerdócio da educação, pude perceber seu valor incomensurável como
um professor preocupado com os ensinamentos pertinentes de sua matéria, imbuído
do mais alto grau de competência, sensato, digno e historiógrafo de escol. “Unusquisque in arte
sua sapiens”.
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
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