quinta-feira, 24 de outubro de 2013

VINCENZO GAUDIOSO - (47)



EMPRESÁRIO


IMIGRANTE ITALIANO

Vincenzo Gaudioso filho de Giuseppe Antonio Gaudioso e de Maria Antonia Gióia, nasceu aos 17 de maio de 1933, sendo natural do Distrito de Agromonte, Município de Latrônico, Província de Potenza, na Itália. Oriundo de uma família muito unida e feliz, Vincenzo tinha a companhia de outros cinco irmãos, Biagio, Maria, Stella, Egídio e Carmine. Seu irmão primogênito Biagio era militar, quando eclodiu a 2ª Grande Guerra Mundial. Morreu como herói ao salvar seu comandante, tendo seu nome inscrito na Galeria dos Heróis que tombaram pela Pátria no cumprimento do dever. Foram anos difíceis de superação para toda família. Seus pais, sofrendo os infortúnios de uma guerra e como conseqüência, a trágica morte de seu filho querido, receoso de que Vincenzo se alistasse no Exército Italiano e o sofrimento se repetisse com a perda de mais um filho, suplicam-lhe para que mudasse para o Brasil, onde seu tio aqui já residia no Rio de Janeiro. Dessa maneira, assim se procedeu. Embarcando no navio Castell Verdi, no Porto de Nápoles, Vincenzo deixava para trás a estrada percorrida de toda uma vida ao lado dos entes queridos, dos amigos e daquele lugarejo que um dia soube acolhê-lo. 
Também para Vincenzo foram dias intermináveis de saudade e de esperanças, mas que o tempo, somente o tempo, esse julgador imperecível de todas as coisas determinaria seu destino na nova Pátria, derramando-lhe todas as bênçãos do mundo ao mais novo filho. Era dia 15 de fevereiro de 1953, um domingo de verão. Pela enseada da Costa Ocidental da Baía da Guanabara, as 08.00 horas, chegava ao Porto do Rio de Janeiro, procedente da Itália, o navio Castell Verdi. Da nascente do Rio Ailã, no Monte Caburaí, no Estado de Roraima a uma das Curvas do Arroio Chuí, no Estado do Rio Grande do Sul e da Ponta do Seixas, em João Pessoa, no Estado da Paraíba à Serra de Contamana, no Estado do Acre, o Brasil vivia o explendor do verão e do seu carnaval. Nesse dia o Brasil também conhecia seu mais novo hóspede: Vincenzo Gaudioso. Desembarcara daquele navio para um futuro que sabia ser difícil, pelo idioma e pela cultura totalmente estranhos ao seu mundo, mas com a certeza de que lhe seria promissor. 

Decorridos os primeiros dias e após os contatos iniciais com Egídio, seu tio paterno, Vincenzo, prestes há completar 21 anos, muda-se para Cruzeiro, região do Vale do Paraíba Paulista onde também viviam seus conterrâneos. O início, como tudo na vida, foi muito difícil. Foi pedreiro, foi proprietário de bar, e, por último, vendedor de carnes, adquiridas do Frigorífico Cruzeiro. Como todos nós que temos alguém muito especial em nossas vidas, Vincenzo também o tinha. Mas era um alguém mais que especial. Era aquele amigo difícil de encontrar, um amigo por consideração acima de tudo e um amigo especialíssimo: Valdir Vicente Savino. Especial e amigo, porque durante o tempo de convivência, por simpatia e por afeição, tinha-o como referência em sua vida. Foi o verdadeiro amigo que o ajudou a carregar o fardo pesado no início de tudo em sua vida em Cruzeiro. Naquela cidade e no caminho que juntos percorrreram ficaram as lembranças e os momentos felizes de um relacionamento de muito respeito. Vincenzo era um obstinado a vencer, custasse o que custasse. Fazia do trabalho um sacerdócio. Nunca deixou de trabalhar. Foi um exemplo para todos os jovens de sua época e de sua querida e saudosa cidade de Cruzeiro, o ponto de partida para sua vitoriosa carreira de empresário.
Muito seguro, tinha a constante preocupação com seus pais e irmãos. Suas primeiras economias em 1956 tiveram um destino certo: sua terra natal, a querida Itália, berço do catolicismo, para que seus pais pudessem vir ao Brasil. Entretanto, quis o destino que em parte seus sonhos não se concretizassem, em razão do falecimento inesperado de seu genitor, dias antes de sua partida para o Brasil. Um momento de muita dor para todos, pois, o grande sonho de seu pai, afinal, não pudera ser realizado, qual seja, o reencontro com os filhos queridos e o desejo de apertá-los em seus braços, decorridos tantos anos! Vincenzo,  vivia para si e para sua família, pois, a união de outrora em Agromonte, continuaria mais sólida ainda no Brasil. Fez da responsabilidade, uma marca em seus negócios, não aceitando convites para o que hoje chamamos de “balada”, tantos o eram para bailes, festas, etc. Sua resposta era sempre a mesma, “não posso, pois amanhã terei compromisso logo cedo”. E dessa forma, vivia para o trabalho. Em Taubaté, onde atualmente está radicado, constituiu empresas de porte, tais como Marchantaria do Vale Distribuidora de Carnes, Ferragens Potenza, Cantina Potenza e por último Distribuidora de Produtos Brahma, potências geradoras de empregos. 
Em meados de 1957, quis o destino  que os olhares se cruzassem e entre eles nascesse um grande amor. Vincenzo viria a conhecer Natalina, aquela que compartilharia em sua vida, momentos de alegria e de tristeza, mas, acima de tudo, de muito amor e ternura. Assim, em 1º de outubro de 1960, um sábado de primavera, entre dois anos e alguns meses de namoro e noivado, Vincenzo e Natalina se casariam, sendo abençoados na Igreja de Santa Terezinha, em Taubaté, pelo Padre Cícero de Alvarenga, o qual teve a missão divina de batizá-la um dia. Dessa sagrada união nasceram os filhos queridos Rosa Maria, Giuseppe, Vincenzo e Carmem Lúcia. Rosa Maria presenteou-lhe com netos Gustavo, Iula e Maíra; Giuseppe deu-lhe Bárbara, Manuela, Giuseppe Filho e João Pedro; Vincenzo fê-lo mais feliz ainda com a chegada de Mariana e Vincenzo Neto; e, por fim, Carmem Lúcia, sua querida caçula que o enriqueceu com os lindos netinhos Júnia  e Lucca. Vincenzo contribuiu de maneira decisiva para a geração de novos empregos e com o progresso econômico de Taubaté e região, razão pela qual lhe foram outorgados merecidamente os Títulos de Cidadão Taubateano e a Comenda Jacques Félix pela Câmara Municipal de Taubaté. Também foi condecorado com a Ordine “L’onorificenza Di Cavaliere” pelo Presidente da Itália.  


PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário