Washington
Ramos Ferreira nascido em Taubaté aos 07 de maio de 1927 pode ser considerado
como mais um dos milhares de trabalhadores que fizeram parte da transformação
industrial de nossa cidade a partir da década de 30. Filho de João Batista
Ramos Ferreira e de Leonor Teixeira Ferreira compunha uma família humilde e
extremamente pobre com seus irmãos Terezinha, Dirce, Genoefa, Elizabete, Renê,
Pedro e Paulo. Ainda menino aos nove anos de idade, recolhia carvão em brasa descarregado
pelas locomotivas da Estrada de Ferro Central do Brasil quando de suas
baldeações em Taubaté, duas a três vezes por dia.
DESEMBARQUE DE PASSAGEIROS NA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE TAUBATÉ.
DESEMBARQUE DE PASSAGEIROS NA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE TAUBATÉ.
Eram
as famosas e importantes composições como os Rápidos, os Expressos, os Trens Baianos
e os Trens Luxuosos. Eram tempos difíceis em que os filhos saíam de suas casas
à procura de algum tipo de trabalho para ajudar no sustento da família. Para
tanto, Washington se utilizava de duas latas vazias de óleo tipo 18 litros, e
com elas contava com o auxílio de água para resfriar o carvão e com isso,
recolher o produto. Trabalhava o dia todo e ao final recebia 500 réis pelo
trabalho árduo e estafante. Retornava para sua casa com as mãos calejadas e
feridas com o trabalho rude a que se submetia, mas, valia a pena, pois, com
essa importância era o suficiente para adquirir na Padaria São Paulo da Rua
Chiquinha de Mattos, açúcar, pó de café e o alimento sagrado para toda a
família, o pão nosso de cada dia. Não
frequentou bancos escolares sequenciais, tendo estudado até o 3º ano primário
no Grupo Escolar Dom Pereira de Barros, localizado no prédio da Vila Santo
Aleixo, na Santa Terezinha.
GRUPO ESCOLAR DOM PEREIRA DE BARROS
Portador
de uma memória privilegiada faz breve relato sobre um bar que existia dentro da
Estação, de propriedade do senhor Benedicto. Era outra atividade paralela, agora
como vendedor de frutas aos passageiros dos trens que ali faziam suas
baldeações. Com uma bandeja sobre os ombros, ia oferecendo bananas, uvas e
maçãs por mil réis dentro dos vagões, e, ao final da de cada bandeja, recebia um
tostão, que somado ao ganho com a venda do carvão, iria ajudar em muito, com as
despesas da casa. Em 1940, em pleno desenvolvimento da 2ª Guerra Mundial e com
a gasolina racionada, passou-se a utilizar o transporte por carros movidos a
gasogênio. Em razão disso as charretes passaram a ser muito requisitadas, sendo
o “veículo da moda”, surgindo então uma melhor condição de trabalho para
Washington quando conseguiu empregar-se como charreteiro de Antonio Castilho, pai
da aviadora Joana Martins Castilho, um espanhol dono de charretes com bons
animais e também proprietário de um ferro velho na Rua Anísio Ortiz Monteiro. Alguns
anos depois, se empregaria como balconista na Leiteria Seleta, situada na
esquina da Rua Dr. Souza Alves com Rua das Palmeiras, de propriedade de
Dorvalino Soares. Mais tarde conseguiria um emprego também como balconista no
famoso Café Convênio, de propriedade dos sócios Salvador Tobias e Rachid, por
aproximadamente um ano.
ZÉ MARIA, TOBIAS, MOISÉS, RUSSO, ADEMIR E WLADIMIR;
VAGUINHO, BASÍLIO, GERALDÃO, LUCIANO E ROMEU
CORINTHIANS PAULISTA DE 1977.
CREDENCIAL DE ÁRBITRO
COMO BANDEIRA EM TAUBATÉ
VAGUINHO, BASÍLIO, GERALDÃO, LUCIANO E ROMEU
CORINTHIANS PAULISTA DE 1977.
Cumprindo
promessa que fizera, ao término da partida saiu de sua casa vestido de juiz de
futebol, árbitro que era da Liga Municipal de Futebol de Taubaté, e percorreria
as ruas centrais de Taubaté correndo até o retorno à sua casa, sita à Rua Dr.
Pedro Costa.
CREDENCIAL DE ÁRBITRO
COMO BANDEIRA EM TAUBATÉ
Sua
esposa viria a falecer com 52 anos de idade, vitimada que fora por uma
doença impiedosa e insidiosa. Desde então, tem a companhia oportuna e
saudável de seus filhos, netos e bisnetos com visitas constantes.
Católico e com propósitos voltados para Deus, Washington faz de seus
dias a razão de viver, estendendo ao seu semelhante a compreensão, a
bondade e o amor, próprios da grandeza de seu coração. E, no alto de
seus oitenta e sete anos, se explica seu caráter de homem íntegro na
mais pura acepção do gênero, através do qual se reveste na humildade de
um monge e no mais simples dos sábios. Todo o seu saber encontra
parâmetros na árvore da vida que um dia plantou, cujas raízes explicam,
por si só, sua resistência. É confortante para o espírito contemplar
esta bela árvore mostrada por este lenhador vigoroso, o qual em vez de a
decepar, se limita a expô-la à contemplação das gerações passadas,
presentes e futuras, reclamando atenção para sua solidez e respeito para
sua ancianidade. Lá no alto dos céus, Washington, existe um Grande
Homem, Onipotente e Onipresente que caminha com um Grande Livro, sempre
atualizando suas contas. E esse contabilista, com certeza, jamais
errou...
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
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