ANTE O CARRASCO |
GANHA A ALMA DOS SIMPLES, AQUELE QUE, EMBORA TRAÍDO, NÃO TRAIU JAMAIS".
Muito se tem falado sobre Tiradentes no decorrer
dos séculos, após sua execução. Como todo verdadeiro herói, Tiradentes teve,
com certeza, duas vidas. A primeira, sobre o martírio a que foi
submetido antes e durante a execução. Antes, porque, depois de muitas
negativas, afinal, confessara a culpa que se lhe apontara, e chamara para si
toda a punição; Antes, porque, encontrando-se frente a frente com o
destino, o que desejou foi morrer bem, como cristão e como homem; Antes,
porque, ouvira a sentença com toda a serenidade, como Mártir e como Precursor
da Independência; Durante, porque, quando recebeu a visita de seu algoz,
o carrasco Capitania, vestiu a alva branca dos condenados e foi-lhe atado ao
pescoço, o laço para estrangular-lhe, quando no cadafalso; Durante,
porque, ao despir-se para vestir a alva, proferiu as seguintes palavras: “O meu
Redentor morreu por mim, também nu”; Durante, porque, saindo da Cadeia
Velha, caminhou de maneira serena, destemida e com hombridade, carregando
sempre o crucifixo na altura dos olhos, em direção da praça, onde já se
encontrava o patíbulo de vinte degraus; Durante, porque, subindo rápido
ao cadafalso, rezou o credo e pediu ao carrasco que lhe abreviasse a execução.
A segunda, esta se desenrola através dos séculos, na mente de todo cidadão
brasileiro. Alguns por conhecê-lo pelas passagens nos bancos escolares e onde
nem sempre a verdade transparente prevaleceu, outras por conviverem-se nas
páginas dos Autos da Devassa da Inconfidência Mineira. Assim, restaram apenas e
tão somente, as tradicionais manifestações escolares e as homenagens das
Polícias Militares Estaduais, de que Joaquim José da Silva Xavier, o herói
Tiradentes, é patrono de longa data. A Conjuração Mineira não foi, por certo,
um grande movimento, pois, não passou de conversas e vagas cogitações, mas, foi
sem dúvida alguma, nobre aspiração, porém, com resultados sombrios como o cadafalso
e o desterro. Que não venham os desmistificadores, desvirtuar as raízes
históricas existentes e mentir a verdade histórica, a fim de infiltrar na
mentalidade de pessoas ingênuas o que não se é possível esconder. Com certeza o
“TE DEUM” da paz, continua, desde 21 de abril de 1792, mais do que nunca, a
render graças ao maior dos heróis americanos. E com os círios perenalmente
acesos!
PROFº
GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR.
COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br
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