terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O CARNAVAL DA SAUDADE EM TAUBATÉ (56)









QUANTA SAUDADE!





Contam os personagens carnavalescos e alguns historiadores, que os carnavais de rua de nossa Taubaté, eram tomados de intensa e entusiasta alegria durante o último decênio do século XIX até meados do segundo decênio do século XX.  Ocorria também o aparecimento daquela que seria a mola propulsora para o desenvolvimento industrial  de Taubaté e do Vale do Paraíba, quando da instalação da C.T.I., a nossa sempre saudosa e querida Companhia Taubaté Industrial. 

Assim, Taubaté encontraria seu apogeu com os blocos carnavalescos denominados “Operários da C.T.I.”, surgido em 1891, e, “Filhos de Plutão” e “Carmosin”, criados em 1898.  Também, nesse carnaval de rua tão entusiasmante, vale a pena lembrarmos que os carros alegóricos eram puxados por cavalos maravilhosamente ornamentados. E toda a concentração para a tão esperada saída dos foliões contendores, se fazia na atual Praça Dr. Monteiro, antes, Largo do Teatro.

Entretanto, o que prevaleceu àquela época de esfuziante alegria foi um carnaval voltado para o popular. As bisnagas de borracha carregadas de água de cheiro e esguichadas no alvo visado e quase sempre nos Pierrots, Arlequins e Colombinas, era o momento mágico esperado. Mais tarde apareceriam as laranjinhas de cera, estas, utilizadas de uma maneira um pouco mais violenta, pois, estouravam ao atingir o folião ou foliã pretendidos, molhando-os. A partir de 1910 algumas indústrias brasileiras começaram a fabricação do lança perfume ainda que de maneira um pouco retraída. Com o aparecimento do lança-perfume, viriam também as contestações. Algo inusitado à época e fabricado pela empresa francesa Rhodia com sede na Argentina, era importado para o Brasil, sendo amplamente utilizado no carnaval carioca de 1904, mas logo disseminado por todo o país. Em 1922, a Rhodia instalaria sua fábrica em São Bernardo do Campo, lançando seu frasco denominado Rodouro. 

Anos mais tarde, em 1961, através de uma campanha televisiva defendida pelo apresentador Flávio Cavalcante contra o uso do lança perfume, o Presidente da República, Jânio da Silva Quadros, através do Decreto 51.211, de 18 de Agosto de 1961 e há uma semana antes de sua renúncia, proibiria sua fabricação, seu comércio e seu uso em todo o território nacional, bem como as cassações das licenças e das patentes anteriormente concedidas às indústrias responsáveis. 

O carnaval de rua de Taubaté para os mais saudosistas, foi marcado pela irreverência peculiar da autenticidade, como demonstram as fotos acima, registradas na tarde de terça feira de carnaval do dia 06 de março de 1962, mais precisamente na Rua Cel. Augusto Monteiro nº 579, residência de uma família de grandes artistas, tendo como grande mestre a figura de realce de José Luiz da Costa Ferreira, secundado por seus filhos Nestor e José Fajardo da Costa Ferreira, também artistas de escol e grandes escultores. Em pleno carnaval do verão brasileiro, os primos Garcílio da Costa Ferreira Filho e Nestor da Costa Ferreira representavam para aquela época, toda magia e maravilha do verdadeiro simbolismo da nossa sociedade, fantasiando-se respectivamente de caipira brasileiro e de palhaço, alegrias que ainda reinavam nas mentes inocentes de nossas crianças.

Mas, ficaram as saudosas lembranças, como aquela que juntávamos dinheiro o ano todo para comprar o tão sonhado e acalentado frasco de lança perfume Rodouro e o esperado dia dos blocos carnavalescos. E as desavenças ficavam por conta dos Pierrots e Arlequins, os quais tinham seu alvo preferido, o amor pelas lindas Colombinas dos salões de bailes de carnaval de uma Taubaté bucólica e sonhadora. Ah, tempos que não voltam mais!






PROFº GILBERTO DA COSTA FERREIRA - HISTORIADOR, PESQUISADOR E ESCRITOR. COORDENADOR TÉCNICO DO MEMORIAL GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO.
cfgilberto@yahoo.com.br

Um comentário:

  1. Ah! Como era bom o carnaval do passado! | 07/04/2014
    Ah! Como era bom o carnaval do passado! Realmente! Tempos que não voltam mais! Lembro-me como se fosse hoje, uma tarde sem sol, nublada, porém muito quente, contagiante, eu e meu primo Cilinho caminhávamos de um lado para outro da Praça Dom Epaminondas seguidos por inúmeras pessoas, admiradas com o que fazíamos dentro de nossos personagens!... Assim era o nosso carnaval !... De repente, a tarde se ia, a noite chegando,íamos para minha casa, retirar nossas fantasias, para em seguida voltarmos para a praça e vermos a passagem dos vários blocos de carnaval. Saudades!... Muitas saudades daqueles tempos, daqueles carnavais e também muita saudade daquele "caipira taubateano", meu primo Garcílio Costa Ferreira Filho (Cilinho), que de forma curiosa, tornava nossa brincadeira, ainda mais alegre e carnavalesca. Saudades, meu primo!...
    Nestor da Costa Ferreira

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